28.2.07

Perdições (9)

(Luca Manissero E Masa Kawai fotografados por H.S. para a edição de Março 2007 da Rotas & Destinos, direitos reservados)

Em casa de ferreiro, espeto de pau. O ditado é antigo, mas aplica-se, já se sabe, que nem uma luva a muitas situações. No meu caso, não raras vezes, acabo por conhecer mais depressa novos espaços noutros países, fruto das minhas constantes viagens, do que na minha própria cidade. Assim aconteceu com o restaurante Luca. TODA A GENTE já foi ao Luca, ali, no número 35 da Rua de Santa Marta, em Lisboa. Toda a gente MENOS EU, claro está.
Cansado de ouvir tantos elogios ao local, aproveitei o pretexto de um jantar entre amigos para, de uma vez por todas, arrumar a questão. Como era terça-feira, fiz reserva de mesa só por descargo de consciência. Santa ingenuidade! O restaurante, além do piso térreo, possui um mezanino (onde acabámos por nos instalar, pois assim não só víamos o que se estava a passar na sala principal, como tínhamos também uma boa vista para a cozinha aberta), mas encheu por completo. Isto numa terça à noite! Toma e embrulha.
Grande parte do seu sucesso deve-se à simpatia do seu proprietário, o italiano Luca Manissero, que faz as honras da casa, e ao talento do chefe japonês Masa Kawai, mas a comida, detalhe importante, que não se fica só pelas massas e risottos, é saborosa e vai além do corriqueiro. A maioria do pessoal que atende às mesas, fiquei com essa impressão, é de nacionalidade brasileira. São simpáticos e a comida chega rápido à mesa. Só tenho a apontar que, por vezes, os empregados se mostraram um pouco despistados entre pedidos e foi preciso lembrá-los mais de uma vez.
Nas traseiras da casa, existe ainda o Tapas Bar, com decoração marroquina e serviço de tapas, tempuras japonesas e outros petiscos que podem ser acompanhados por vinho a copo. No restaurante, uma refeição, sem vinho e sem abusar das caipirinhas, fica, em média, por 25 euros/pessoa. Recomendo (bom, isto partindo do princípio que ainda há quem precise de indicação para lá chegar!) E não se esqueçam de reservar.

27.2.07

A propósito de Che

(Che por Andy Warhol, direitos reservados)

No domingo, dia de Óscares, pude rever na televisão o belíssimo filme de Walter Salles, Diários de Motocicleta (também aparece como Diários de Che). Curioso como uma segunda leitura nos permite sempre um outro olhar. Continuei a achar o filme interessante, claro, e acertada a escolha do mexicano, mas cada vez mais internacional, Gael García Bernal para dar vida ao jovem Ernesto "Che" Guevara. Mas não pude deixar de pensar também que o filme nos dá uma visão (demasiado) romântica e muito idealizada da figura de Che, totalmente conforme ao mito que se criou à sua volta. É impossível não simpatizar com aquele Che.
Mas, pergunto-me, terá sido mesmo assim? Não há como o saber, nem o que teria acontecido a Che, hoje um ícone Pop do inconformismo, caso não tivesse sido assassinado tão cedo. Será que continuaria ao lado de Fidel? Será que, em nome de um ideal, teria cometido os mesmos erros e os mesmos desmandos que o seu velho companheiro de luta?
Não existem respostas para estas perguntas, eu sei, mas tudo isto me trouxe à lembrança uma introdução que escrevi, há uns anos, sobre Cuba para a revista Rotas & Destinos. Para mim, o que escrevi na altura continua a fazer todo o sentido.


Tenho-me na conta de alguém que, mais do que contra, é totalmente avesso a regimes não democráticos, onde o povo não tem, por mais que não existam sistemas perfeitos, direito a expressar-se livremente e a escolher que rumo dar à sua vida. Mas também eu já me flagrei, mais do que uma vez, a dizer que tinha de ir a Cuba antes de Fidel morrer porque depois nada será igual...
É uma contradição que não é só minha, e que talvez nem o carisma ou o inegável estoicismo do líder cubano sejam suficientes para explicar, mas não deixa de ser algo que me incomoda, pois, por mais que a figura do “barbudo” (até nisso ele é fiel à imagem que criou) seja hoje suavizada e até vista com uma certa galhardia por vários regimes democráticos do mundo inteiro (Portugal incluído), a verdade é que não há como negar que Fidel cometeu e continua a cometer (como o provam as execuções sumárias de intelectuais que se opunham ao regime, e de quem Fidel aproveitou para se livrar quando as atenções estavam todas viradas para o Iraque) autênticas barbaridades e atropelos aos mais elementares direitos humanos (de que nos dão conta filmes como
Antes que Anoiteça, com um espantoso Javier Bardem no papel do escritor cubano Reinaldo Arenas, obrigado a exilar-se por ser homossexual assumido).

Só que há sempre o outro lado da história, ou seja, a posição dos EUA, que mantêm até hoje um embargo desumano e que, por muitos e bons anos, fizeram de Cuba, através de dirigentes-fantoches como Batista, uma espécie de recreio balnear onde, atrás do aparente glamour, proliferavam os negócios mafiosos e uma degradação das condições de vida de todos aqueles que não pertenciam à elite cubana...
Uma coisa é certa, a comunidade cubana exilada em Miami está desejosa de deitar as mãos ao arquipélago e é mais do que garantido que, assim que o bloqueio decretado pelos EUA terminar (e que por agora impede que qualquer cidadão ou empresa norte-americana gaste ou invista dinheiro em Cuba), vários milhões de turistas daquele país vão “tomar de assalto” este destino, com vantagens comparativas (a nível de distância e de preços) difíceis de bater por outras ilhas da região. Mas, se quer ir a Cuba antes da entrada maciça dos norte-americanos, descanse que ainda tem algum tempo, pois o governo de Bush, ao tomar conhecimento que muitos dos seus cidadãos estavam a aproveitar-se das licenças culturais para irem fazer turismo em Cuba, restringiu ainda mais a concessão dessas permissões especiais e agora, a menos que sejam jornalistas, estudantes, missionários ou com outra actividade ou propósitos previstos pela lei, os norte-americanos estão cada vez mais proibidos de ir a Cuba (mesmo que todos os anos entrem ali centenas de americanos através de terceiros países como o México, as Baamas ou o Canadá).
Enfim, talvez seja menos politicamente correcto, mas em termos de consciência, se ainda não foi a Cuba, pode sempre dizer que tem de lá ir antes que cheguem, de novo, os americanos (in Rotas & Destinos).


26.2.07

Uma verdade inconveniente?

Daqui a um ou dois dias, começo a escrever o meu texto sobre São Paulo (a previsão aponta para Maio, nas bancas em finais de Abril). Uma vez mais, uma questão se me coloca: como passar a mensagem de forma correcta? Melhor: como encontrar o equilíbrio certo entre o que considero ser um retrato pessoal, baseado nas minhas impressões e vivências ― que se leia com vontade, independentemente do leitor estar ou não a pensar viajar ao lugar em questão ―, e um roteiro útil, recheado de boas dicas, para quem se dá ao trabalho de, mais do que “apenas” ler este tipo de textos, coleccioná-los na esperança de algum dia os testar? Motivar os primeiros a não se ficarem apenas pelos bonecos (as imagens, o que nos levaria a outra discussão, mas não vou entrar por aqui… não agora!) e não defraudar as expectativas dos segundos não é, acreditem, uma tarefa fácil para quem, como eu, luta há anos para ser levado a sério numa variante do jornalismo que carece ainda de regras próprias e do devido reconhecimento (dos seus pares, inclusive).

Acontece que, sobretudo nos últimos tempos, me tenho deparado com uma outra dificuldade. Uma dificuldade que, confesso, não esperaria encontrar depois de já termos queimado tantas etapas: como conseguir falar nos aspectos negativos, ou menos positivos se quiserem ir pelo politicamente correcto, sem que o editor se sinta tentado a censurar (a palavra é forte, mas não deixa de ser a correcta) o meu texto em nome daquilo que a revista entende ser “desnecessário” ou “susceptível de criar anti-corpos” em quem lê face ao destino em causa? Imagino que, dito assim, à queima-roupa, a minha questão suscite alguma indignação: mas, afinal, perguntar-me-ão, nos dias de hoje ainda se pratica censura? Claro que sim. E não julguem que estou a falar dos administradores atentos aos números ― os que querem ter revistas de viagens no seu grupo editorial porque é moda, mas depois continuam a achar, passados tantos anos, que fazem um tremendo favor aos senhores que lá trabalham, pois estão a pagar-lhes para eles andarem no “bem bom”, que é como quem diz a viajar pelo mundo inteiro. Estou mesmo a falar dos directores, dos chefes de redacção e dos editores que, mesmo sendo na sua maioria pessoas bem (in)formadas, cedem à desculpa fácil de que uma revista de viagens não se deve imiscuir na política e nas causas sociais, quando, na realidade, estão apenas com medo de que, não tendo as revistas portuguesas orçamentos que lhe permitam realizar as viagens sem ajudas externas, algum dos seus habituais parceiros se sinta melindrado.


(Rio de Janeiro, direitos reservados)


Já estive à frente de uma revista de viagens, por isso sei até que ponto a questão das parcerias é algo de muito sensível. Mas acreditam se lhes disser que, nos anos em que exerci esse cargo, nunca censurei o texto de nenhum jornalista nem dei indicações, veladas ou expressas, para omitir o lado menos agradável dos lugares visitados? Como em tudo na vida, acho que é, sobretudo, uma questão de bom senso. Bom senso na hora de aceitar este ou aquele convite (e há convites e parcerias que, logo de caras, mais vale recusar pelas implicações que poderão acarretar); bom senso de quem escreve, e sabe que pode e deve ser responsabilizado pelo que diz; bom senso de quem publica e sabe ter a obrigação de informar com rigor o seu público.

Não tenho muitos casos de textos “censurados”, até porque me bato sempre por aquilo que acredito ser a integridade do meu trabalho, mas há dois exemplos recentes que me marcaram: primeiro, numa reportagem sobre o Rio de Janeiro, tive de INSISTIR que queria focar a questão da violência, até para a integrar no seu devido contexto e ajudar as pessoas a perceberem melhor aquilo que vêem apenas nas notícias. Fiquei com a sensação clara de que se não tivesse querido falar na questão, ninguém na revista se teria importado e, talvez, até tivessem preferido (pergunto: não deveria ser essa uma das primeiras preocupações quando se pensa em publicar uma reportagem sobre o Rio de Janeiro e se sabe, à partida, que muitos portugueses morrem de vontade de lá ir, mas têm medo?).
A outra foi numa reportagem sobre a ilha tunisina de Jerba. Para quem não sabe, esta ilha tem a particularidade de assistir há vários séculos a uma convivência pacífica entre muçulmanos e judeus, por isso, quando falei na sinagoga El-Ghriba, achei que não podia deixar de fora um episódio marcante, até por ter sido uma excepção: no fatídico 11 (uma data que se repete nos atentados da Al Qaida) de Abril de 2002, um camião cisterna explodiu contra as paredes da principal sinagoga da ilha, provocando a morte de 21 pessoas (entre eles, turistas alemães e um francês). Com medo das repercussões que isso poderia ter no seu turismo, as autoridades tunisinas demoraram a dar explicações e tentaram desdramatizar o incidente. Pois bem, recebi um telefonema do editor a comunicar-me que tinham optado por eliminar este trecho da minha reportagem. Justificação: as pessoas têm pavor dos atentados da Al Qaida e isso funcionaria logo como pretexto para evitarem Jerba. Depois de esgrimirmos argumentos por alguns minutos, acabei por ceder, não sem antes deixar claro que achava uma decisão pouco ética e uma forma de subestimar a inteligência de quem nos lê. Arrependo-me até hoje de ter cedido (embora, na prática, não tivesse muitas outras alternativas).



(Sinagoga El-Ghriba, Jerba, direitos reservados)


A mais antiga revista de viagens em Portugal tem apenas 12 anos. Pouco tempo, é certo, mas mesmo imberbe já deu tempo de sobra para aprendermos várias lições. Eu, que ando nisto desde quase o início e que já vi muitas pessoas irem e virem, gostaria de acreditar que a fase do deslumbramento fica só por conta de quem se estreou há pouco na profissão e ainda acha o máximo haver quem lhe pague para viajar. Quero acreditar também que quem lê revistas de viagens, tal como quem trabalha nelas, evoluiu e não só aprendeu a distinguir o trigo do joio, como quer igualmente escolher os seus destinos de férias e/ou de escapadas com base em informações reais e não só em descrições idílicas onde, de cinco em cinco minutos, se emprega a palavra “paraíso” (esta palavra foi tão banalizada nas reportagens de viagens que, hoje, muitos de nós ganharam-lhe aversão!).

Será que estou errado? Detestaria ter de dar razão àqueles que insistem em enfiar todos os jornalistas de viagens no mesmo saco, o dos alienados que vivem fora da realidade e se preocupam em reproduzir, tão só, o lado cor-de-rosa da vida.

23.2.07

Bom fim-de-semana!


Este fim-de-semana, vou ter a Carla Bruni a sussurrar-me ao ouvido poetas como Emily Dickinson e W.B. Yeats (em No Promises).
Parabéns, Belinha!

22.2.07

Obrigado, Suzi!


Ironia das ironias, a minha amiga Suzi armou-me uma surpresa tão bem armada que eu demorei mais do que deveria para a descobrir. Soube ainda melhor por isso. Por ter chegado numa altura em que nada o fazia prever. São gestos como este que fazem toda a diferença. Por tudo isto, e pelos dias difíceis que tens passado, estas rosas selvagens da Cidade do Cabo são para ti.

21.2.07

Diários de São Paulo (final)

(Vista geral de São Paulo, direitos reservados)


Garoa do meu São Paulo
― Timbre triste de martírios ―

um negro vem vindo, é branco!
Só bem perto fica negro,

Passa e torna a ficar branco.


Meu São Paulo da garoa

― Londres das neblinas finas ―

um pobre vem vindo, é rico!

Só bem perto fica pobre,

Passa e torna a ficar rico.

(…)

Garoa, sai dos meus olhos.
(Mário de Andrade, Garoa do meu São Paulo, in Lira Paulistana)

E já em Lisboa que encerro os meus Diários de São Paulo. O que gosto e não gosto numa cidade, uma "Selva de Pedra" com alma, onde nem tudo o que parece é.


(Vista geral de São Paulo, direitos reservados)


Gosto de São Paulo. Gosto da ideia de gostar de São Paulo. Gosto mais de São Paulo em dias de sol. Gosto menos de São Paulo em dias de chuva e de neblina. Não gosto de não ser respeitado enquanto peão nas passadeiras. Gosto do rigor de São Paulo. Não gosto quando os paulistanos se levam demasiado a sério.


(D.O.M., São Paulo, direitos reservados)


Gosto da cozinha ao mesmo tempo simples e sofisticada de Alex Atala em o D.O.M. (ver Diários 1), mas também gosto da cozinha artesanal de Ana Luiza Trajano em o Brasil a Gosto. Gosto de comida elaborada, mas também gosto dos hambúrgueres premiados do Ritz (R. Jerónimo da Veiga, 141, Itaim Bibi, na foto) e do sanduíche Beirute da lanchonete Frevo. Não gosto da cozinha de fusão só para ser moda e quando sobrepõe a estética ao conteúdo.


(Sanduíche Beirute, Frevo, direitos reservados)


Gosto do Parque de Ibirapuera, das suas árvores, das suas sombras, dos pais que levam os filhos a passear na garupa da bicicleta. Gosto do Auditório de Oscar Niemeyer (na foto) e da Oca. Gosto da ideia de ter um café como o Prêt MAM, que dá para espiar o parque por um olho e obras de arte por outro. Não gosto de continuar a ouvir o trânsito quando estou ali. Não gosto de ver o lago poluído.



(Marquise do Ibirapuera, São Paulo, direitos reservados)



Gosto dos japoneses de segunda e terceira geração que enchem o bairro da Liberdade (na foto). Gosto dos descendentes de italianos do Bixiga e da Mocca que criaram em São Paulo as melhores pizzarias e cantinas, como o Quintal do Bráz, fora de Itália. Gosto das padarias judias, como a Benjamin Abrahão, do bairro de Higienópolis. Gosto da mistura de raças. Gosto das mulheres-meninas, esguias como gazelas, que resultaram dessa mistura de raças. Não gosto da obsessão em ser magro a todo o custo.


Gosto da moda brasileira. Gosto dos criadores brasileiros, como Adriana Barra (na foto) ou a Osklen, e da sua criatividade. Gosto das fachadas imaginativas e coloridas das lojas dos Jardins. Não gosto da ostentação da Daslu. Não gosto dos seus preços exagerados. Não gosto que as arrumadeiras andem fardadas como se fossem criadas.





(Daslu, São Paulo, direitos reservados)


Gosto da pluralidade e da variedade humana dos “inferninhos” da Rua Augusta, na Consolação (na foto Vegas Club, ver Diários 1). Gosto da happy hour nos bares da Vila Madalena. Gosto menos das discotecas e dos bares in de Vila Olímpia e Itaim Bibi. Não gosto da decoração desses lugares. Não gosto de aturar tipos bêbados quando sóbrios seriam muito mais interessantes. Não gosto de entrar nesses lugares só porque sou amigo ou conhecido de gente que conta.



Gosto da simpatia com que somos atendidos na Chocolat du Jour da Haddock Lobo. Gosto da mistura de chocolates e das trufas que chegam todos os dias, frescas, vindas da fábrica em Itaim. Gosto dos doces criados por Fabrice Lenud na France Douce. Gosto de beber um expresso com um brownie na Payard (na foto) sempre que passo no Shopping Iguatemi. Não gosto quando juntam água aos sumos de fruta. Não gosto do sabor aguado do melão, tão diferente do português.


Gosto de ter um café a que passei a chamar de meu, o Suplicy, na Alameda Lorena. Gosto de beber ali um expresso enquanto leio o jornal. Gosto que incluam no serviço um copinho de água com gás. Gosto de ficar a olhar as pessoas que ali entram, sozinhas ou acompanhadas. Não gosto dos lugares onde só há café aguado.







Gosto do sabor do açaí (na foto) e do cupuaçu ― graças à minha amiga Marion, descobri uma sobremesa óptima, Mil Folhas de dois brigadeiros com creme inglês de cupuaçu, no restaurante Vira-Lata, em Higienópolis. Gosto de caipirinhas com saké e frutas. Não gosto de caipirinhas aldrabadas com saké de terceira.


Gosto dos prédios de São Paulo. Gosto quando têm um pequeno jardim à entrada. Gosto da arquitectura modernista de São Paulo (na foto Memorial da América Latina). Não gosto dos novelos de fios de electricidade à vista. Não gosto dos passeios públicos aos altos e baixos. Não gosto das estradas esburacadas e abauladas.



(Coplan, prédio residencial de Oscar Niemeyer, São Paulo, direitos reservados)


Gosto do Museu da Língua Portuguesa. Gosto do que fizeram à Estação da Luz. Gosto de brincar com as palavras e ficar a ouvir os nossos poetas. Os nossos sotaques. Gosto de museus que despertam os sentidos. Gosto da Pinacoteca. Gosto da esplanada da Pinacoteca, voltada para o Jardim da Luz. Não gosto da miséria à volta. Não gosto que me venham lembrar que, por mais bonita que seja a estrutura de ferro das estações de comboios, há, não muito longe dali, crianças viciadas que dão o triste nome de “Cracolândia” a toda uma área onde ninguém quer ir. Não gosto das putas tristes que se vendem por entre o arvoredo.


(Grande Sertão: Veredas, instalação de Bia Lessa no MLP)


Não gosto do luxo pelo luxo. Gosto do luxo como sinónimo de refinamento e elegância. Gosto das poltronas de couro do Fasano. Gosto de entrar num hotel onde, em vez da recepção, tenho um bar com poltronas de couro (na foto). Gosto da forma como a Tatiana caminha na rua e os olhares param para a ver passar. Não gosto dos portugueses de nariz empinado que encontrei no elevador.





Gosto que o Emiliano seja um hotel moderno, mas que ainda assim insista em fazer do bom serviço um dos seus melhores cartões de visita. Gosto da ideia de ter sido o músico Ed Motta a pensar nos chás que compõem a carta. Gosto de ter feito um novo amigo ali. Gosto de ter várias almofadas à escolha na hora de dormir. Gosto de me sentar nas poltronas de cordas douradas dos irmãos Campana (na foto). Não gosto que o Emiliano se sinta na necessidade de criticar a concorrência.


Gosto do sotaque paulistano. Não gosto do sotaque paulistano.


Gosto da oferta cultural de São Paulo. Gosto dos seus teatros. Dos seus shows. Das suas exposições. Gosto da cultura de frequentar restaurantes, de seguir as tendências, de saber quem são os chefes do momento. Não gosto de ter de pagar caro para viver bem ali. Não gosto da ideia de que para ser feliz em São Paulo é preciso ter (muito) dinheiro ou, então, viver acima das suas possibilidades.


Gosto de comida libanesa. Gosto de saber que quando não puder, ou quiser, gastar os olhos da cara no Arábia, na Haddock Lobo, posso passar em A Tenda do Nilo (ver Diários 2, na foto carne com coalhada fresca), no Paraíso. Gosto que me tenham dito, na hora da despedida, que ganhei uma família no Brasil sempre que ali voltar. Mesmo que tenha sido dito da boca para fora. Não gosto de carne de cordeiro.


Gosto de ter amigos em São Paulo. Gosto de poder contar com eles. Gosto de ouvi-los. De saber como vivem. De saber como vêem a cidade. Não gosto da superioridade com que os paulistanos tratam o resto do Brasil. Não gosto de ver uma cidade do primeiro mundo com tantos tiques e mazelas terceiro-mundistas.

17.2.07

Diários de São Paulo (3)

(Piscina do Hotel Unique, São Paulo, direitos reservados)


Último dia em São Paulo. Não tarda tenho de me fazer à estrada (evitar a Tiradentes por causa da proximidade ao Sambódromo) para ir até Guarulhos. É o dia mais quente desde que cheguei. Um calorão intenso, céu azul. Tudo aquilo que pediram os foliões e aqueles que não foram em folias carnavalescas e rumaram para as praias do litoral paulista.
A meio da manhã, altura em que me predispus a ir tomar um brunch na Galeria dos Pães (R. Estados Unidos, 1645, Jardins), Sampa estava quase sem trânsito e sem gente nas ruas, mas a loja (padaria, café, delicatessen) não tinha do que reclamar em matéria de freguesia.
Aproveitei para caminhar um pouco na Oscar Freire e na Lorena, mas nem mesmo as liquidações me animaram a fazer umas compras de última hora. Preferi passar de novo no Vó Sinhá Café (ver post anterior) e comer uma derradeira tigela de açai bem fresquinho.
De volta ao hotel, e à falta de uma praia por perto, tomei um bom banho na piscina encarnada do Unique. É curioso como este hotel de design moderno (tão arrojado que muitos comparam o edifício exterior a uma fatia de melancia) está mais virado para a organização de festas do que propriamente para prestar um atendimento personalizado aos hóspedes. A piscina fica na cobertura, tem uma vista fantástica para os Jardins e para os arranha-céus da Avenida Paulista, mas os empregados, além de escassos, não prestam grande atenção. Os quartos são muito confortáveis, com as janelas redondas da praxe e edredões hiper fofos, e no lobby nunca falta música. Bom como clube, bom para tomar um copo com vista panorâmica, mas pelo preço que cobram tinham obrigação de prestar um serviço melhor.

16.2.07

Diários de São Paulo (2)

(A Casa dos Budas Ditosos, direitos reservados)


Fiquei de voltar aqui para contar como foi a peça A Casa dos Budas Ditosos, um texto de João Ubaldo Ribeiro com adaptação de Domingos de Oliveira, protagonizada por Fernandinha Torres. Imagino que muita gente já a tenha visto desde que estreou, em finais de 2003, mas eu não tive oportunidade quando da sua curta temporada em Lisboa. Casa cheia numa terça à noite, no Teatro Cultura Artística, ao Centro, para prestigiar uma actriz que não precisa de ser apenas conhecida como "a filha de" (Fernanda Montenegro) e arrebatou o prémio Shell por esta sua interpretação primorosa. Sozinha em palco, sem grandes artifícios, ela dá, do princípio ao fim, um show de boa representação. E nem damos pelos 90 minutos passarem. O texto é muito picante, quase a raiar o hardcore, mas não ofende nem confrange. Fernandinha encarna uma baiana "arretada" de 68 anos, que narra, sem falsos pudores e sempre com muito humor, a sua vida sexual libertina. Saímos de lá de alma lavada.


(Tigela de açai, direitos reservados)


A comida, como não podia deixar de ser, continua a ocupar um lugar de destaque neste meu roteiro por Sampa. Um destes dias, e graças a uma dica da Tatiana, que se dispôs, pacientemente, a mostrar-nos algumas lojas de criadores brasileiros nos Jardins, fiz um lanche muito simples que valeu por um manjar: uma tigela de açai gelado (uma fruta da Amazónia conhecida pelo seu valor energético) com rodelas de banana e cereais crocantes por cima. Uma delícia! Para os paulistanos que me estão a ler, o mapa da mina fica na esquina da Oscar Freire com a Rua Augusta (Vó Sinhá Café, rua Augusta, 2724).
Aliás, comer bem em São Paulo é muito fácil, tal é a variedade e quantidade de restaurantes por metro quadrado, mas já fazê-lo a preços razoáveis são outros quinhentos. Vai dai, e aproveitando que não estava longe do bairro do Paraíso, fui experimentar um restaurante siro-libanês, A Tenda do Nilo (R. Oscar Porto, 638, aberto para almoço de seg. a sáb.), de que ouvi falar muito bem (também pela relação qualidade-preço). É um espaço acanhado, desprovido de glamour, mas, em compensação, o acolhimento da Olinda e da Xmune (duas irmãs) é tão caloroso e a comida tão saborosa, que quando saí de lá já queriam que levasse o seu kibe premiado embrulhado para o hotel, pois à refeição tinha provado a carne de costela desfiada com trigo. Adoram os portugueses, pois têm clientes lusos que trabalham ali perto, e tratam toda a gente por habib (querido). Lamento que em Portugal, um país com herança árabe, haja tão poucos restaurantes deste tipo de comida (então de tradição libanesa ou síria, nem vê-los).

A viagem está quase a terminar. Os paulistanos fizeram-se à estrada, dispostos a enfrentar longas horas de trânsito, para passar as miniférias de Carnaval na praia ou na serra. Mesmo numa cidade que se gaba de trabalhar a sério, o facto é que quase tudo pára e os compromissos ficam adiados para depois. A maioria só regressa ao batente depois da Quarta-feira de Cinzas.

12.2.07

Diários de São Paulo (1)

(Alex Atala, DOM, São Paulo, direitos reservados)



Não podia ter escolhido hora mais complicada para aterrar em Sampa. Dia de dilúvio, com direito a estradas alagadas e aeroporto de Congonhas (utilizado para os voos domésticos) fechado por seis vezes na mesma jornada. Felizmente viemos por Guarulhos, o aeroporto internacional, e chegámos ao final do dia, o que nos livrou de boa.
Fora isso, o tempo tem estado cinzento, a fazer jus ao apelido de "Terra da Garoa". Mas, acreditem, tudo isso se torna pequeno perante o que São Paulo tem para oferecer. Sei bem que muita gente torce o nariz a cidades enormes (a população de São Paulo anda nos 10 milhões, mas se juntarmos a periferia sobe, imaginem, para cerca de 20 milhões), com trânsito caótico e criminalidade, mas há que saber enxergar mais longe. Esta cidade é um show em matéria de óptimos hotéis (estou agora no Emiliano, na foto, em plena Oscar Freire, onde os empregados nos tratam pelo nome, com direito a mordoma, carta de chás pensada pelo músico Ed Motta e um Dj que actua, no lobby do hotel, todos os dias), de restaurantes e de design. Tenho comido muito bem (mais do que deveria, enfim...), e, sempre que posso, aproveito a oportunidade para conversar com chefes como Alex Atala, do D.O.M. Alex ascendeu à categoria dos supra-sumos da culinária mundial ao ter integrado o pelotão dos 50 melhores chefes do mundo, mas está longe de ser uma vedeta oca. Ele faz pesquisa, não sai da cozinha (apesar das muitas solicitações) e não abdica de ter um papel activo na questão social e na importância de as pessoas aprenderem a utilizar melhor os recursos naturais que possuem. Em matéria de cozinha contemporânea, ali começamos a comer com os olhos (cada prato parece uma pintura), mas somos também surpreendidos com sabores inusitados (provei um sorbet de jabuticaba com wasabi que ficou registado no meu arquivo de paladares).
Ainda não vivi a noite paulistana em pleno, mas a minha amiga Pin (não me esqueci de ti!) tratou de me "arrastar" para uma noite insana, a célebre balada. Depois de um jantar demorado, e muito saboreado (com direito a discussão acalorada sobre o Lula e tudo!), no japonês Shimu, no bairro de Itaim, fomos para uma disco alternativa, Vegas Club, com vários tipos de tribos urbanas, muito ao jeito dos "inferninhos" da Rua Augusta, na Consolação. Não aguentei o pique da Pin e voltei para o hotel às cinco da manhã. Soube muito bem dançar.
Enfim, amanhã esperam-me novos compromissos e um bom desfecho, espero, com Fernanda Torres em A casa dos Budas Ditosos. A peça está em reposição no Teatro Cultura Artística, mas esgota que é uma beleza. Logo conto como foi.

7.2.07

De malas aviadas


A imagem engana. Não só esta não é a minha mala como nem sequer tenho a bagagem pronta. Como sempre, vou deixar para a última da hora. Enfim, não posso dizer que me tornei um perito a fazer e a desfazer malas, mas, em tantos anos de métier, aprendi uma coisa ou duas que, não servindo para mais ninguém como exemplo, me dão muito jeito. A maioria dos homens, parece, não gosta de fazer a mala. Pois para mim, não sendo um prazer, também não é uma dor de cabeça.
A última vez que estive em São Paulo, de raspão, quase um capricho para matar umas horas mortas entre um voo e outro (mas fiz questão de ir comer ao Arábia, um libanês maravilhoso que é tido como o melhor do género na cidade), foi em 2002. Estou curioso. Curioso para rever os amigos. Curioso para ver quem tem a melhor noite, a célebre "balada" paulistana, se a Vila Madalena, a Vila Olímpia ou Pinheiros. Curioso para sentir de novo o gosto do pastel mais famoso da cidade, vendido na barraca do Zé Japonês na feira de Pacaembu (será que é desta que me arrisco no caldo de cana, será?...). Curioso para mergulhar finalmente no Museu de Língua Portuguesa. Curioso para ver se é desta que vejo a Fernandinha Torres em
A Casa dos Budas Ditosos e, por tabela, consigo também ir ver o Paulo Autran em O Avarento. Curioso para ver quem é melhor de cama, se o Fasano, se o Emiliano. Curioso para nadar na piscina design, encarnada flamejante, do Hotel Unique. Curioso para conhecer o chefe Alex Atala, um dos melhores chefes do mundo, e provar o tempero da jovem Ana Luiza Trajano, que está a conquistar admiradores com a sua versão do Brasil a Gosto. Curioso para ver se encontro ou não a Cicarelli a ter um chilique na Daslu. Curioso para ver se o câmbio joga a meu favor na hora em que me perder de amores por uns ténis ou por uma camiseta de uma qualquer loja absurdamente cara da Oscar Freire. Curioso para ver com quantos livros e CD's regressarei desta vez.
Pode não parecer, mas é uma viagem de trabalho. Embarco amanhã bem cedo. Sempre que der, virei aqui contar como estão a ser os meus dias, e as minhas noites, na terra da garoa.

6.2.07

A caminho da Babilónia

(Vista da Marquise do Parque de Ibirapuera, São Paulo, direitos reservados)


Caetano Veloso cantou SAMPA assim:

Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João

é que quando eu cheguei por aqui
eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas


Ainda não havia para mim Rita Lee,
a tua mais completa tradução

Alguma coisa acontece no meu coração

que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João


Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto

chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto,
mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho

nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo

afasto o que não conheço

e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso


Do povo oprimido nas filas, nas vilas,
favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas

eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva


Panaméricas de Áfricas utópicas,
túmulo do samba
mais possível
novo quilombo de Zumbi

e os novos baianos passeiam na tua garoa

e novos baianos te podem curtir nu
ma boa.


5.2.07

De amor e comida

A propósito do Dia de São Valentim, a minha caixa de correio electrónico vive agora em total desassossego. Todos os dias, recebo propostas, vindas dos quatro cantos do mundo, para celebrar a data em grande estilo. Ao invés de me pôr a tecer considerações sobre o que acho ou deixo de achar sobre o fenómeno, resolvi destacar duas que, confesso, ganharam a minha atenção. Ponto a favor para a estratégia de marketing.


1. O preço não é para todos (€400 por casal), mas todos deveriam ter o direito de, pelo menos uma vez na vida, se regalarem com um festim idêntico ao que o Hotel Pestana Palace, em Lisboa, preparou para o jantar de São Valentim. O Chefe do restaurante Valle Flor convidou Yann Duytsche, reputado chefe pasteleiro francês, que assumiu a direcção técnica da casa de chocolate Valrhona, em Barcelona, para fazer as honras da casa. O menu vem em francês e eu, para não desrespeitar uma das línguas do amor, vou manter-me fiel ao original na transcrição.


(Yann Duytsche, direitos reservados)


Saint Valentin " chocolat fusion "

une royale sensation:

le filet de lapereau braisé à la lie de vintage et baies de genièvre en robe de guanaja...
fleur de pensée


une explosion insolite:

bonite a dos rayé rôti au sancho et coriandre
pâte de fruits à l´olive dans un bonbon au manjari fumé


une douceur salée:

foie gras au grué sauté, saupoudré de cacao carotte et orange au coeur de pur caraïbe comme un soufflé

une fête mexicaine:

cernier rôti au molé de xocopili, manioc et racine de lotus

bouillon de clovisse citronnée et espuma d´ivoire


notre ex-libris:

le paleron de boeuf fermier étuvé lentement aux fèves de cacao sur une écrasée de panais et copeaux de caogrande
crème fondante ivoire clou de girofle, neige de fromage de chèvre frais
et croustillant coco, lanières de céleri branche crème glacée jivara lactée, compote d'abricot vanille tahitensis et fleur de bière ....terre de grué de cacao caramélisé... Soufflé coulant de chocolat noir Araguani accompagné d'une crème glacée, jus de gingembre frais... Café et trois petits-fours : macarons manjari coriandre, carré framboise anis, Guanaja et crescendo citrik ivoire

Vinhos

Vinhos seleccionados pela escanção Ana Paula Lopes



2. A proposta do restaurante
Porto Novo, no Sheraton Porto Hotel & Spa, também prima pela originalidade e apostou em grandes sucessos literários para despertar a gula dos enamorados. Cliquem na imagem e leiam o cardápio.


2.2.07

Bom fim-de-semana!

(Meg Ryan, direitos reservados)


Will I see you tonight on the downtown train?
(Rod Stewart)


As novas maravilhas do mundo (2)

World Trade Center


A contribuição de Sir Norman Foster




Não me impressiono facilmente. Não que seja indiferente ao sofrimento e à dor, mas não me impressiono com facilidade. Todavia, ainda hoje, e sempre que revejo imagens do colapso das Torres Gémeas, em Nova Iorque, sinto um aperto no estômago. Acho que qualquer pessoa de bom senso sente o mesmo. Não estive em Nova Iorque depois do atentado, por isso não sei avaliar com precisão a dimensão do vazio deixado no Ground Zero. Mas estou curioso para ver o que de novo vai surgir ali. Sir Norman Foster, de quem já falei antes, e os seus associados foram uma das firmas de arquitectos escolhidas para criar os primeiros arranha-céus sustentáveis do World Trade Center. O projecto de Foster and Partners foi revelado ao mundo e deve estar concluído em 2011. Espero estar cá (ou melhor, lá) para ver.

1.2.07

Agenda (1)

VINHOS & GASTRONOMIA

Quinta de San Joanne 2003 e 2005
Lingua de Bacalhau escalfada em “Quinta de San Joanne 2003” e vieira sauté
Sopas de batata roosevelt aromatizada com azeite virgem e “ Quinta de San Joanne 2005”

*****
Polvo no Forno a Lenha com risotto “ Porta Fronha 2005 tinto”
Molho de Pimenta Rosa e “Quinta de San Joanne escolha 2003”

Quinta da Vegia 2005 tinto
Pintada com Túberas assada no Rotisseur, com molho de “Quinta Vegia 2005 tinto”
Castanhas salteadas com bacon e cebolinhas

*****
Espumante Quinta de San Joanne Reserva Bruto 2002
Bolo Sacher Tort com Sorvete de Espumante Quinta de San Joanne Reserva Bruto 2002
Molho de Frutos vermelhos e crocante de canela

*****
Café



QUANDO ONDE COMO
Data: 2 de Fevereiro de 2007
Horário: 20h30
Local: Restaurante Porto Novo
Sheraton Porto Hotel & Spa
Reservas: 220 404 000
Preço por Pessoa: € 45