
31.1.08
Bom fim-de-semana!

25.1.08
Na cabeceira
24.1.08
Nas bancas
23.1.08
22.1.08
Música para os meus ouvidos
18.1.08
Bom fim-de-semana!
O livro, e o seu autor, está entre os meus eleitos. Agora sempre quero ver se o filme lhe faz jus.
15.1.08
Rio: Copacabana

Há uns tempos, pediram que explicasse as razões que me levam a regressar aqui, ainda que prefira ambientes modernos e pequenos, e eu escrevi: “Regresso pelo conforto dos quartos, pelo empregado que se esforça em fixar o meu nome entre tantos, pelas orquídeas que trepam pelas árvores do pátio, pela feijoada de sábado, pelo brunch de domingo, e pela hora mágica em que as suas fachadas se alumiam. E também porque, para mim, a ideia de um dia perfeito no Rio termina com um banho ao luar, na piscina ancorada entre os restaurantes Pérgula e Cipriani”. A isto somo agora um outro atractivo de peso: um spa a cheirar a novo, de 700m² nas antigas Termas Copacabana, com acesso pelo edifício anexo, com belos apontamentos florais nas paredes, onde as empregadas usam havaianas em vez de sapatos e os tratamentos, a partir dos 35 euros, utilizam produtos das linhas Natura, Decleor, Wellness e Shiseido.


11.1.08
Rio: Leblon
“Lá não existe / Felicidade de arranha-céu / Pois quem mora lá no morro / Já vive pertinho do céu” (Ave Maria no Morro, João Gilberto). Das ruas do Leblon ainda não dá para perceber, mas o crescimento da favela Chácara do Céu, no sopé do Morro Dois Irmãos, já começa a levantar muitos sobrolhos. Que o digam os moradores do Alto Leblon, tido como um dos bairros mais pacatos do Rio de Janeiro ― quase uma aldeia, reduto da alta burguesia carioca, onde ainda se cumprimenta o jornaleiro, as crianças brincam na praça e se pára no bar da esquina para dar dois dedos de conversa. Até ver, contudo, a aura residencial do Leblon, seguramente o bairro com mais vedetas por metro quadrado, mantém-se incólume, não obstante os seus luxuosos condomínios terem quase todos ultrapassado, em muito, a altura máxima outrora estabelecida em quatro andares.
Outra sua característica muito curiosa é a de ser praticamente auto-suficiente. Há de tudo: da praia badalada, com direito a segmento para as amas, aos melhores pontos de sumos naturais ― aconselho o Juice Co. Lounge (Av. Gen. San Martin, 889) e o Universo Orgânico (R. Conde de Bernadote, 26, lojas 105 e 106) ―, sem esquecer a animação nocturna, sobretudo no Baixo Leblon, com o Jobi (Av. Ataulfo de Paiva, 1166) à cabeça graças às mesas lotadas madrugada fora com cariocas e não cariocas em amena cavaqueira.


10.1.08
Rio: Ipanema






9.1.08
Rio: Lagoa, J. Botânico e Gávea
“O Rio de Janeiro continua lindo / O Rio de Janeiro continua sendo / O Rio de Janeiro, Fevereiro e Março” (Aquele Abraço, Gilberto Gil). Uma lagoa rodeada por prédios e morros. O céu de fim de tarde não chega a ficar incandescente, mas a magia não sai beliscada. Coloco de parte o cocktail de álcool e frutas amazónicas, demasiado adocicado, e ajeito-me numa das cadeiras alfresco do Kanta Galo (Av. Epitácio Pessoa, s/nº, Parque do Cantagalo) para melhor desfrutar o cenário. A minha preguiça nem sequer destoa da energia comedida com que a grande maioria, e são muitos àquela hora, se exercita e passeia nos oito quilómetros que rodeiam a Lagoa Rodrigo de Freitas.
Os parques vizinhos dos Patins e das Catacumbas foram os pioneiros, no final dos anos 90, a inaugurar a tradição dos quiosques com cozinhas de vários pontos de mundo, mas o Kanta Galo, o irmão mais novo do exótico ― e, a meu ver, mais conseguido ― Palaphita Kitch, pertence a uma geração mais recente de quiosques que vieram dinamizar o Parque do Cantagalo, às margens da Lagoa, entre o final do dia e a madrugada.
Mas nem tudo é tão idílico como parece à primeira vista. A meio caminho entre Ipanema e Leblon, a lagoa, ligada ao mar pelo canal do Jardim de Alah, padece ainda com a poluição, mas tem vindo a melhorar e está mais arborizada e cuidada. O trânsito intenso à sua volta também está longe de ser um bálsamo em hora de ponta, até porque é um eixo de circulação entre vários bairros da Zona Sul.


Sem contar que continuam aqui dois dos chefes mais premiados dos últimos tempos: Claude Troisgros e Roberta Sudbrack (R. Lineu de Paula Machado, 916). O primeiro é um francês há muito radicado no Rio, mas não há meio de perder o forte sotaque. Reabriu, em finais de 2003, o seu antigo restaurante, o Olympe (R. Custódio Serrão, 62), e, desde então, não pára de arrecadar todos os prémios mais prestigiados para a sua cozinha francesa com um toque brasileiro. A segunda é agora uma confirmação em matéria de cozinha contemporânea e veio directa do Palácio da Alvorada, onde cozinhou para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os comensais, que podem também participar em aulas semanais, sentam-se numa mesa comum e pagam cerca de 60 euros à cabeça para provar as suas criações, aparentemente simples, mas muito sofisticadas. Mais acessível é o seu café, no segundo piso da loja multimarca Dona Coisa (R. Lopes Quintas, 153), também no Jardim Botânico.


8.1.08
Rio: Santa Teresa

Neste bairro altaneiro existem ainda outras três ― Solar da Santa, Castelinho 38 e Rio 180 ―, surgidas entre 2006 e 2007, também nas mãos de estrangeiros que se apaixonaram pelo local; sem mencionar as casas de moradores, mais modestas, que aderiram ao conceito de cama e café de Leonardo Rangel e João Vergara. É, Santa Teresa está na moda.

Para quem chega à espera de encontrar um bairro boémio e popular, que se tornou conhecido pelos blocos de Carnaval de rua, bares e ateliers, vai ter de se conter para não se sentir arrebatado pelo seu dédalo de ruas e ladeiras a pique, entre bolsas de verde e vistas panorâmicas, pelo acervo do museu Chácara do Céu (R. Murtinho Nobre, 93), antiga casa do coleccionador Raymundo Castro Maya, ou ainda por um prazenteiro almoço de domingo no Aprazível (R. Aprazível, 62), um restaurante que mais parece um refúgio, escondido entre denso arvoredo, com cozinha brasileira esmerada e recomendada.

Podem subir a Santa Teresa de táxi, mas nada se compara a uma viagem no histórico “bondinho”, que atravessa os Arcos da Lapa, um aqueduto do século XVIII ― saídas da rua Prof. Lélio Gama, junto ao edifício da Petrobrás e da cónica catedral Metropolitana, talvez a obra mais incompreendida e mal-amada de Oscar Niemeyer.
7.1.08
Rio: Introdução
“Rio 40 graus / Cidade maravilha / Purgatório da beleza / E do caos...” (Rio 40 Graus, Fernanda Abreu). O rigor, e a minha boa consciência, obriga-me a começar esta série de posts sobre o Rio de Janeiro com um relato muito pessoal. Durante a minha última viagem, em Dezembro de 2007, fui finalmente vítima de um percalço infeliz. E não escrevo este “finalmente” com a mínima ponta de ironia, pois, nos muitos anos em que tenho visitado a cidade, nunca me comportei, por um minuto que seja, como se aguardasse o pior a qualquer instante.
Muito pelo contrário, do Rio, eu sempre esperei, e espero, o melhor. Mas aconteceu; num belo dia, à porta de um hotel cinco estrelas, onde era suposto não ter de me preocupar com mais nada, distrai-me por uma fracção de segundos e um taxista menos escrupuloso aproveitou para se escapulir com a minha mala. Fiquei, literalmente, com a roupa do corpo e com aquele amargo de boca de ser obrigado a ouvir, de amigos e familiares, um “finalmente”, desta vez sim, carregado de fina ironia. Mas não me dou por vencido. É claro que me enfureci ― e enfureci-me, sobretudo, pelo sentimento de impotência e de impunidade que sentimos num quase encolher de ombros generalizado e na falta de empenho das autoridades policiais, a quem faltam meios, formação e salários mais justos para fazerem a diferença ―, o que não apaga, todavia, tudo de bom que o Rio já me deu e, estou certo, me vai continuar a proporcionar.
Logo, desengane-se quem julgou ir ler um retrato ressentido do Rio de Janeiro. Seguir-se-ão antes vários relatos assumidamente pessoais, mas ainda assim com o devido distanciamento e espírito crítico, de alguém que quer passar a seguinte mensagem aos que sempre desejaram ir ao Rio, mas ainda não tiveram coragem: acidentes podem acontecer, ninguém está livre disso, mas é apenas uma probabilidade ínfima. Garantido mesmo é que ao chegarem ali, aposto, vão surpreender-se com cenários e situações que se tornaram clichés de tão repetidos em cartões postais, mas que, quando testemunhados ao vivo e a cores, nos emocionam. De quantos lugares do mundo podem dizer a mesma coisa?