22.1.07

Antestreia: Diamante de Sangue

(Diamante de Sangue, direitos reservados)


Preâmbulo Pertenço ao grupo dos indecisos que nutrem por Leonardo DiCaprio, enquanto actor, um sentimento ambivalente: por um lado, reconheço-lhe potencial, até uma certa profundidade de registo, mas, por outro, aquela cara de eterno menino do coro, e parte da sua filmografia, deixa-me sempre de pé atrás. Seja como for, Leo DiCaprio é o “novo” Robert De Niro de Martin Scorcese ― é o próprio realizador quem o diz ―, e é provável que venha a tornar-se um grande actor. Para já, continua a ser alvo da desconfiança, e de alguma injustiça, até por parte dos seus pares e afins ― veja-se o que aconteceu na recente edição dos Globos de Ouro, em que DiCaprio estava nomeado para melhor actor dramático por duas vezes (em Diamante de Sangue e Entre Inimigos) e não só não ganhou como, parece, terá sido alvo da chacota de George Clooney e Justin Timberlake.


(Leo DiCaprio e Djimon Hounsou em Diamante de Sangue, direitos reservados)


Enredo Estou curioso para ver Diamante de Sangue, de Edward Zwick (Shakespeare Apaixonado ou O Último Samurai), nos cinemas a partir de quinta-feira. Para já, interessa-me a estória e confio, até poder emitir opinião própria, nas críticas que tenho lido e que falam de uma boa mistura entre acção e drama, e de um filme que se vê bem, apesar de algumas incongruências (o sotaque irregular de DiCaprio, por exemplo, que ainda assim é elogiado por quase todos na composição da sua personagem) e de não acrescentar nada de novo (não escapam à tentação do lugar-comum que é o romance em tempo de guerra entre DiCaprio e Connelly). O filme tem como ponto de partida a guerra civil que devastou, em 1999, a Serra Leoa ― só para recordar: os conflitos na Libéria e na Serra Leoa ocasionaram a morte de 400 mil pessoas entre 1989 e 2003 ―, e centra-se nas personagens de Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um traficante de diamantes do Zimbabué, e de Solomon Vandy (Djimon Hounsou), um pescador de etnia Mende que, após a invasão da sua aldeia pela Força Unida Revolucionária, é obrigado a separar-se da sua família e a ir trabalhar para uma mina de diamantes. Solomon descobre um exemplar valiosíssimo, que enterra antes de ser preso e de travar conhecimento com Danny, que vê nessa pedra uma oportunidade única para sair de África. A realidade é, porém, bem mais complexa e este filme pretende ser uma denúncia do comércio dos “diamantes de sangue” para financiar conflitos armados, cuja extracção se faz à custa de violência, trabalho semi-escravo, jogadas políticas e com a cumplicidade dos chefes da indústria das pedras. Para desenvolver esta trama é também importante a entrada em cena da personagem de Maddy Owen (Jennifer Connelly) ― ainda que mal aproveitada, segundo alguns críticos ―, uma jornalista norte-americana que vai para a Serra Leoa com o ideal de desvendar a verdade. A busca do diamante escondido, e o que representa para cada um, em tempo de grande perigo e convulsão, lança as três personagens centrais numa corrida pela própria sobrevivência.


(Jennifer Connelly em Diamante de Sangue, direitos reservados)


A polémica Já era de prever que a indústria de diamantes não ia gostar da forma como sai mal no “retrato”. O Conselho Mundial de Diamantes exigiu que o realizador informasse o público de que a realidade actual da mineração é bem diferente do que aparece no ecrã e a De Beers, uma das maiores empresas do ramo, deu-se mesmo ao trabalho, e à despesa, de contratar Nelson Mandela para ser o porta-voz da imagem e da posição da indústria frente às denúncias do filme. Zwick não foi na conversa, conta com uma retaguarda de peso no seu elenco ― Leonardo DiCaprio é activista ecológico, Jennifer Connely é porta-voz da Amnistia Internacional e Djimon Hounsou é militante da paz na África ― e possui amigos influentes e sensíveis a estas questões como Brad Pitt, Angelina Jolie ou George Clooney. Outra polémica envolveu a Warner Bro., que foi acusada de ter prometido próteses às crianças mutiladas e de ter adiado a sua entrega para a altura da estreia mundial do filme e assim obter maior publicidade. A produtora negou.


(Leo DiCaprio e Djimon Hounsou em Diamante de Sangue, direitos reservados)


O apelo de África Confesso-me um pouco cansado de, sempre que há uma rodagem em África, ver os actores nas revistas a falarem de como se comoveram com a dura realidade e de como desejam, um dia (sabe-se lá quando), dedicar as suas vidas a fazer o bem qual missionários. Enfim, Leonardo DiCaprio não foi excepção e já afirmou que rodar em África o Diamante de Sangue o modificou, pois fez com que descobrisse «o alcance da miséria» no continente e o «indescritível luxo» da vida no Ocidente. Eu diria que não é preciso ir a África para perceber isso, mas, tudo bem, mais vale tarde do que nunca. O actor ficou, particularmente, impressionado com muitas crianças moçambicanas que conheceu durante as filmagens e que apresentavam mutilações provocadas pelas minas. Impressionou-o também o facto de as pessoas, apesar da pobreza e das doenças, manterem uma alegria de viver contagiante.


(Jennifer Connelly durante as rodagens de Diamante de Sangue, direitos reservados)


(Opium, Cidade do Cabo, África do Sul, direitos reservados)


Os locais de filmagem Gravar na Serra Leoa, um território complicado que não sai da lista dos lugares a evitar, estava a prori fora de questão. A solução encontrada foi filmar em Moçambique, nomeadamente em Maputo, e na África do Sul para fazer as vezes da Serra Leoa. Na África do Sul, onde o elenco deu mais que falar, a maioria das cenas foi gravada em Port Edward, uma estância balnear na região de Kwazulu, Natal, e também na costa oriental, nos arredores da Cidade do Cabo. A presença da equipa, e de celebridades como DiCaprio, fizeram as delícias do comércio local (e não só, pois conta que até a igreja metodista de Port Edward foi arrendada durante as filmagens e isso rendeu um bom dinheiro à paróquia) e de hoteleiros como Gary Bentley. Claro que ter passado quatro meses em filmagens na África do Sul, deu tempo de sobra a DiCaprio para fazer das suas. Sobretudo na bela Cidade do Cabo, onde foi visto inúmeras noites na farra com jovens modelos. E foi assim que lugares já antes badalados como o famoso Mount Nelson Hotel (na foto acima) e clubes nocturnos como o Café Caprice, Opium ou o Ignite ascenderam à lista ainda mais desejada dos que se podem gabar: “aqui esteve Leonardo DiCaprio”.


(Café Caprice, Camps Bay, África do Sul, direitos reservados)


(Ignite, Cidade do Cabo, África do Sul, direitos reservados)

7 comentários:

Custódia C. disse...

E começamos mais uma vez a viajar através do cinema :)

Suzi disse...

Devo-te comentários aqui e no Dakar-12.
Correria agora de manhã. Mas ainda volto hoje.
Beijos, querido!
;o)

marta r disse...

Estou como tu: o Leo ainda não tem a minha confiança absoluta. Ainda não é daqueles que, por si só, valem uma ida minha ao cinema.

O filme parece-me bom. As polémicas é que se dispensavam...

Suzi disse...

Miguel, uma amiga assistiu. Saiu do cinema desistindo de usar diamantes pelo resto da vida.

Estou com a Martinha: Leonardo DiCaprio não me leva ao cinema.

E tua observação fez-me rolar de rir: "aquela cara de eterno menino do coro"
kkkkkkkkkkkk
Nunca li descrição mais perfeitinha!!

E que piada foi a que rolou entre o maravilhoso Clooney e J.Timberlake??

Anónimo disse...

A piada não sei, mas mas foi notícia. Acho que troçaram pelo facto de DiCaprio não ganhar mesmo estando nomeado por duas vezes.

Anónimo disse...

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