Há uma ideia generalizada de que, nas viagens, se vive numa espécie de redoma, fora da realidade, onde importa apenas o lado mais idílico e fotogénico do mundo. Não deixa de ser uma verdade, e existem razões de sobra para o justificar, mas quem faz jornalismo de viagem tem por obrigação ir mais além e falar, nem que seja só de vez em quando, daqueles lugares que não figuram nas brochuras das agências; nem enchem páginas e páginas das revistas da especialidade com imagens de sonho ― nalguns casos, não tão poucos como isso, não por falta de atributos, mas por se encontrarem mergulhados em conflitos, viverem situações políticas instáveis e/ou por oferecerem riscos para a saúde pública. A lista dos lugares a evitar é, como quase sempre tudo na vida, subjectiva, mas não há muita volta a dar-lhe. Regra geral, são os governos dos E.U.A. e do Canadá, os mais zelosos por motivos óbvios, que tomam a iniciativa de apontar o dedo. Na lista negra estão neste momento países como:
- Afeganistão, Iraque, Somália, Tchad, Costa do Marfim, Haiti e Timor Leste (onde é expressamente recomendado não ir).
- Seguem-se a Indonésia, Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza, Rússia, Sudão e Sri Lanka (onde são desaconselhadas as incursões em determinadas áreas dos países ou regiões em causa).
- Na mesma categoria merecem ainda advertência a Albânia, Argélia, Angola, Arménia, Azerbeijão, Myanmar (Birmânia), Burundi, Camarões, Chile, Colômbia, Congo, Equador, Eritreia, Etiópia, Geórgia, Guiné, Guiné-Bissau, Índia, Irão, Quénia, Laos, Líbano, México, Moldova, Nicarágua, Nigéria, Uganda, Uzbequistão, Paquistão, Panamá, Papua Nova-Guiné, Peru, Filipinas, Sierra Leone, Tailândia, Venezuela, Iémen e Zâmbia.
- A menos que tenham mesmo de viajar para estes sítios, é desaconselhado partir para a Arábia Saudita, Bangladesh, Fiji, Libéria, República Centro-africana, e Ilhas Salomão.
- Na mesma categoria merecem ainda advertência países e regiões como a Líbia, Mali, Níger e Ruanda.
Curioso é que muitos autores norte-americanos não hesitam em juntar à lista de lugares indesejáveis alguns estados dos E.U.A., como é o caso da Dakota do Sul, onde os forasteiros não são muito bem-vindos ou onde há claramente um abuso do porte de arma. Pessoalmente, já estive em alguns dos países acima citados e entendo as recomendações como avisos ou alertas ― o Brasil, não citado na lista, mas muitas vezes objecto de advertência devido ao elevado índice de criminalidade, é um exemplo ―; desde que isso, claro está, não se transforme em paranóia global. Como não sou repórter de guerra, acho que faz sentido, neste momento, não me sentir compelido a ir a destinos como o Iraque, mas a minha curiosidade natural impede-me de, à partida, colocar de lado um país ou uma região para sempre. Há sítios de que gosto mais, outros de que gosto menos; sítios onde volto sempre que posso, sítios onde não faço questão de regressar. Só não consigo, e não quero, dizer NUNCA.
8 comentários:
Li com atenção este texto e fiquei boquiaberto com a triste realidade dos americanos arranjarem sempre pretextos para não saírem do seu país! É bonito, é (!), e já tive oportunidade de ir lá - e a Route 66 deve ser fabulosa ! -, mas esses senhores são mesmo uns broncos de uns saloios! Abraço!
É um facto que os cidadãos norte-americanos são dos mais visados no estrangeiro, em matéria de raptos, de represálias...,e isso obriga-os a cuidados redobrados. Felizmente, existe gente com bom senso em todo o lado e não só muitos americanos viajam para estes sítios, como são também, às vezes, os primeiros a apontar o dedo ao que está mal internamente. Há uma diferença abismal entre cidades cosmopolitas como Nova Iorque ou Los Angeles e a América profunda.
Concordo, pois concordo. Tenho preferências e prioridades mas, por norma, não excluo nenhum destino. Até porque não acredito que haja um país 100% horrivel...
(Essa da Tailândia na lista negra...)
Sou a marta r, ok?
A violência, por aqui, ainda não retirou a beleza e a alegria de ser brasileiro e de ser carioca.
Convite feito, braços abertos como o do Cristo, você sempre será bem-vindo, aqui!
É o que eu sempre digo Suzi a quem me fala da violência do Rio, por exemplo, como desculpa para votar a cidade ao ostracismo. Claro que o Rio tem um problema de violência, mas é tudo, também, uma questão de bom senso. Já aí estive quatro vezes em trabalho, o que é complicado porque acompanho fotógrafos que carregam material que dá nas vistas e que vale muito dinheiro, e nem uma única vez tive o menor problema ou senti-me ameaçado. Adoro o Rio e recomendo. Sempre.
Espero em breve conhecer Portugal e saber dizer coisas assim tão lindas e carinhosas, como você sempre faz em relação ao Rio.
Volte a lazer, qualquer hora.
:o)
Suzi
Eu então, tenho é pena de não ter poder económico para correr Mundo :)
PS: sou a CC
Enviar um comentário