14.11.07

Viena (3): perdições

Stephansplatz. Viena, D.R.

Seja qual for o nosso desígnio em Viena, dificilmente não cruzaremos, uma vez que seja, a Stephansplatz, onde está ancorada a Catedral de São Estêvão. Num dia de sol, ficamos ofuscados pelo telhado cintilante, revestido por milhares de ladrilhos, mas será sempre a sua agulha gótica, a 137 metros de altura, a guiar-nos os passos. Foi também aqui, no coração do primeiro bairro, onde o traçado apertado das ruas é próprio de uma Viena medieval, que se fez uma tentativa pioneira de lançar uma ponte entre o passado e o futuro. A Haas Haus, curvilínea e assimétrica, surgiu em 1990 pela mão de Hans Hollein e se, de início, muitos franziram o sobrolho àquela estrutura de vidro e mármore esverdeado ― e ainda assim terão sido mais comedidos do que o arquiduque Franz Ferdinand, que, em 1912, não teve sensibilidade suficiente para entender a escassez de ornamentos da Loos Haus ―, o facto é que agora já ninguém questiona a sua presença junto à catedral e o prédio passou mesmo a contar, desde 2006, com um design hotel, o Do & Co, nos andares superiores.


Demel, Viena, D.R.

Demel, Viena, D.R.


Os apreciadores do comércio tradicional e das boas marcas não desdenharão as vitrinas luxuosas do Graben e da Kärntnerstrasse. Apenas o excesso de néons interfere, a meu ver, na solenidade dos edifícios, mas é uma zona vibrante mesmo ao lusco-fusco. Transito para a Viena imperial, nas ruas em redor do complexo de Hofburg, onde ficavam os aposentos reais. Os turistas, com mantas nos joelhos, acenam nas carruagens que passam, mas artérias como o Kolhmarkt, que vai dar à Michaelerplatz, merecem ser calcorreadas para se desfrutar devidamente das várias lojas desenhadas pelo já citado arquitecto Hans Hollein. Já a fachada pomposa da confeitaria Demel foi encomendada a um discípulo do Atelier Vienense. A funcionar nesta rua desde 1888, a Demel faz-se cobrar pela tradição e pelo esplendor dos seus salões coroados por lustres. Na disputa pela autoria da torta Sacher, eu fico com a do hotel que lhe deu nome, mas as guloseimas da Demel são tantas e tão boas que até faço vista grossa à (longa) espera por uma mesa.


Demel, Viena. D.R.

4 comentários:

Luís F. disse...

Ai as guloseimas da Demel...

;)

Custódia C. disse...

Miguel, Miguel, que nos levas pelos caminhos da perdição :)

Suzi disse...

Verdadeiros caminhos de perdição...

Uia!!!!

Capitão Gancho disse...

olhem só pelos caminhos que este moço anda???
um verdadeiro luxo...
Falarem em guloseimas? e as crianças do Darfur?e as de Guiné-Bissau? e as outras?
Vamos lá a dedicar algum tempo do pensamento, nestas perversidades da vida...ai ai ai
Ficam de castigo durante 1 semana sem comer doces! ouviram?
Uma pessoa afasta-se destas lides e volta que encontra ?
um mundo pior, um mundo egoista...

isto não pode continuar!

E esses carneirinhos amestrados que vão atrás de si? não pensam?