13.11.07

Viena (2): museus

Leopold Museum, Viena, D.R.


Várias cadeiras, de design contemporâneo, incitam o visitante a sentar-se para melhor absorver os expressionistas austríacos amealhados por um coleccionador de excepção, Rudolf Leopold. Impressionam-me sobretudo os auto-retratos de Schielle e aquela que elejo como a minha obra favorita de tudo o que vi de Gustav Klimt: Morte e Vida. Sigo depois para o café do museu, mas aqui não sobram cadeiras livres... Espero e (quase) desespero ― dizem-me que é sempre assim, dia e noite.


Auto-retrato de Egon Schielle, D.R.


Morte e Vida, Gustav Klimt, D.R.

E o Leopold está longe de ser uma excepção no Museumsquartier, a dois passos do Hofburg, que fez do pátio interior das antigas cavalariças imperiais, onde antes se guardavam os coches, um ponto de encontro. Houve quem temesse que a arquitectura barroca do conjunto fosse sacrificada à modernidade fácil, mas hoje poucas ou nenhumas vozes se levantam para contestar o trabalho dos arquitectos Laurids e Manfred Ortner, autores do complexo onde figuram três museus, mas também restaurantes, lojas, livrarias e uma praça que vive agora pejada de pessoas a passear e, sempre que o tempo o permite, a apanhar banhos de sol nos módulos coloridos de fibra de vidro. Fala-se numa “revolução palaciana do século XXI”, que abriu caminho a novas intervenções no perfil conservador da cidade.


Vista aérea do Museumsquartier (ao centro), Viena, D.R.

Ao deparar-me com o cubo de basalto negro que dá guarida ao MUMOK (Museu de Arte Moderna) ― e a uma mostra magnífica, China facing Reality, até 10 de Fevereiro ―, não choro os 180 milhões de euros aqui investidos para criar um espaço maior do que Tate Modern de Londres, o Centre Pompidou de Partis ou o Getty Center de Los Angeles ― e que não esqueceu 100 descendentes dos moços das cavalariças, autorizados a habitar os apartamentos da ala reservada à administração.


MUMOK, Viena, D.R.


China Facing Reality, MUMOK, Viena, D.R.


O terceiro vértice do complexo é a Kunsthalle, instalada num edifício revestido a tijolos, que comemorou 15 anos de existência ao serviço da arte com mais de 125 exposições e dois milhões de visitantes. Terá maior ou menor interesse em função do que expõe, mas as suas duas lojas são óptimas ― na Lomo Shop, por exemplo, vende-se a lendária máquina de fotos instantâneas ―, bem como o restaurante, Halle, com design de Eichinger oder Knechtl, que, por si só, atrai muita gente. Fora do Museumsquartier, destaco o MUSA (Felderstrasse, 6-8), com uma a colecção de arte contemporânea desde 1945, por duas razões: uma nova galeria na reabertura; entrada livre.


Vista aérea da Museumsplatz, Viena, D.R.


3 comentários:

Custódia C. disse...

Bela a tela do Klimt!
Obrigado mais uma vez Miguel, por este minutos de leitura. É sempre um prazer :)

Luís F. disse...

E os “comes e bebes”?

:)

Sem desprimor, claro, para o teu exemplar roteiro cultural e museológico...

(as questões gastronómicas mexem muito comigo!

Suzi disse...

Na mostra - Lusa - a matriz portuguesa, que vi aqui há uns 10 dias, senti falta de umas poltronas, nas salas. Gosto também de sentar-me enquanto aprecio as obras. Gosto de demorar-me, ao ver. Deviam sempre pensar nisso, não?