18.10.07

Perdições (12)

(Livraria da Vila na Lorena, São Paulo, D.R.)

O meu apego aos livros levou também que, desde cedo, eu me sentisse muito bem em livrarias. Bem sei que uma coisa não implica, necessariamente, a outra, mas assim é comigo. Existem boas livrarias em Portugal, algumas delas muito bonitas e com valor histórico, mas eu acabo sempre por preferir aquelas onde ao gosto da leitura se somam outros prazeres.

Nesse sentido, adoro várias livrarias do Rio de Janeiro ― com especial destaque para a Travessa, no bairro de Ipanema ―, onde, confesso, invejo aquela mistura bem sucedida entre o espírito didáctico e o lado lúdico, o que leva sempre a haver por lá um café muito simpático, ideal seja para uma refeição leve, um lanche ou um simples café entre um livro e outro.
Curiosamente, em São Paulo não havia nenhuma que me enchesse as medidas do mesmo modo. Até que descobri a Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915), um espaço encantador no bairro artístico e boémio da Vila Madalena, onde, lá está, nem sequer falta um café de pátio com direito a batidos naturais que levam o nome de escritores brasileiros. Mas tem uma desvantagem: fica fora de mão. Pelo menos para mim.

Foi por isso com satisfação que soube da inauguração, no primeiro semestre deste ano, de uma sucursal desta livraria nos Jardins ― ainda para mais numa das minhas artérias favoritas, a Alameda Lorena (ao nº 1731), paralela à Oscar Freire! A bem da verdade, chamar “sucursal” à Livraria da Vila na Lorena é quase um insulto. Estive lá o mês passado e, para terem ideia, esta filial ocupa o espaço da antiga loja do estilista Fause Haten, só que com uma enorme diferença: a construção que se vê hoje é do arquitecto Isay Weinfeld, surpreendente, desde logo, pelo facto de as montras se converterem em portas de entrada quando a loja está aberta. Lá dentro são três andares, com estantes por todo o lado – inclusive no vão entre o piso térreo, a cave (só para crianças) e o primeiro andar (CD’s, DVD’s e um café num pátio interior) –, mas o que chamou à minha atenção, para além das linhas do edifício e da boa selecção de obras, foi o facto de haver sofás e poltronas em cantos estratégicos, sempre bem iluminados por candeeiros, a convidar à leitura.
Um espaço onde se perde a noção do tempo e que recomendo vivamente a quem passar por São Paulo.

4 comentários:

Suzi disse...

Percebo que estou atrasada nas leituras.
Volto pra ler, com certeza.
Aguarde-me numa visita mais demorada. Hoje não li nada...
Bj!

Luís F. disse...

Também adoro o ambiente das livrarias, mas eu sou mais caseiro… contento-me com uma ida à Fnac! :)

Custódia C. disse...

Pois também partilho das mesmas emoções, quando visito uma livraria! São espaços muito especiais. Felizmente que em Portugal, a Fnac veio ajudar a alterar o conceito de livraria. Deixou de ser um espaço de simples venda e procura de livros, para incluir outras actividades, café, leituras, exposições, debates etc.
Hoje em dia já temos espalhadas pelo País lindíssimas livrarias.
Esta de que falas em S.Paulo, tem muito bom "ar" :) Quem sabe, não a poderei visitar um dia?

Alê Quites disse...

Definitivamente bons lugares.

Boa semana!
Beijos