(Natal nos Campos Elísios, Paris, direitos reservados)Parte um
Na minha viagem virtual pelo Natal não podia deixar de fora Paris. É, assumidamente, uma das minhas paixões. E tanto se me dá se os parisienses fazem ou não cara feia. É a “Cidade-Luz” por excelência e o epíteto traz-lhe responsabilidades acrescidas na hora de bem se iluminar. Aliás, o momento em que a decoração natalícia dos Campos Elísios é revelada ao mundo já se tornou um clássico da época e, todos os anos, é convidada uma personalidade ou celebridade para carregar no botão. Este Natal coube ao cantor Florent Pagny, infelizmente pouco conhecido entre nós, a honra. A tradição manda que a cidade se encha também de mercados de Natal e que até não falte um ringue de patinagem no gelo junto ao Hôtel de Ville, mas as decorações natalícias das vitrinas mais famosas de Paris são um espectáculo à parte. Daí não ter resistido a incluir uma imagem do armazém Printemps, no Boulevard Haussman, devidamente engalano. Não é o meu armazém preferido para compras, mas é uma instituição e está a correr atrás do tempo perdido (ver novidades citadas na parte dois).
(Natal 2006 no Printemps, Paris, direitos reservados)
Parte dois
E porque mencionei os Campos Elísios, não custa nada sugerir uma das suas mais recentes aquisições ― é bom dizê-lo, aos poucos, a famosa avenida começa a atrair, de novo, alternativas que fogem à banalidade dos pronto-a-comer massificados. Inspirado em filmes como “In the Mood for Love” ou “Esposas e Concubinas”, a primeira coisa a chamar à atenção no Mood, assim se chama, é o seu espaço na esquina da Rue Washington com os Campos Elísios. Nada menos que mil metros quadrados divididos por três andares, com diferentes ambientes, pois o Mood faz as vezes de restaurante, bar e lounge. À cabeça do projecto, o jovem Olivier Bertrand, herdeiro de uma sociedade que conta já com a Brasserie Lipp, o salão de chá Angelina e ainda dois novos restaurantes nos armazéns Au Printemps (uma brasserie e um japonês, saibam e vejam mais aqui). Bertrand gostou tanto dos sofás que Didier Gomez desenhou para a Ligne Roset e a Cinna, que não fez por menos: contratou o designer para se encarregar da decoração. E como se tratava da primeira incursão parisiense de Didier, este resolveu apostar num lugar que faz a fusão do Ocidente com o Oriente. Sem cair no óbvio. Para o conseguir utilizou grandes fotografias de gueixas do século XIX, misturou antiguidades vietnamitas com peças de design contemporâneo, ou cadeiras espanholas e escandinavas dos anos 1960, encomendou alcatifa a Tai Ping, desenhou ele mesmo um lustre inspirados nos claustros asiáticos, e converteu em lampiões os austeros candeeiros, encarnados e brancos, dos irmãos Bouroullec. A cozinha ficou a cargo do chef Jacky Ribault, que criou uma paleta de sabores franco-asiáticos e uma carta só de sushi e sashimi. No bar, além de música a cargo de um Dj, e do inevitável saké, a escolha não é fácil perante uma lista com mais de 50 cocktails, sendo os mais originais à base de flores, especiarias e frutos.
(Mood, direitos reservados) Parte três
E já que continuamos em Paris, não resisto a falar no museu que mais tinta tem feito correr nos últimos meses. Depois de anos de espera, o Musée Quai Branly abriu as suas portas a 23 de Junho de 2006. O museu encontra-se na margem esquerda do Sena, a dois passos da Torre Eiffel, numa área central de 400 metros por 120 entre as avenidas de La Bourdonnais e Rapp, o cais Branly e a rua de l’Université. Para além do espólio impressionante de objectos vindos de todo o mundo, dando assim à arte não ocidental e antes dita “primitiva” o lugar de destaque que há muito era reclamado, o museu tem como nec plus ultra o facto de se esconder parcialmente num jardim que representa, segundo o arquitecto Jean Nouvel, a savana; ao passo que o edifício está assente sobre postes cobertos de matérias exóticas que simbolizam a floresta. E o que pretendeu Nouvel com esta alegoria? Fazer com que o visitante esqueça o seu ‘mundo’ ao entrar ali e penetre, graças a largas extensões de vidro e fontes de luz escondidas, numa espécie de concha, num lugar sagrado. Uma viagem em todos os sentidos.
(Musée Quai Branly, direitos reservados) Parte quatro
(Walt Disney, direitos reservados)
Para terminar, e porque tem tudo a ver com o espírito da quadra, uma alusão ao mundo do faz-de-conta de Walt Disney. Até 15 de Janeiro de 2007, nas galerias do Grand Palais, está a decorrer uma exposição dedicada àquele que foi o primeiro a dar uma difusão universal à arte do desenho animado. A exposição estabelece uma relação entre os desenhos criados nos estúdios Disney e as obras ou criações da arte ocidental, desde a Idade Média até movimentos como o Surrealismo, que lhes serviram de inspiração e cobrem áreas tão diversas como a pintura, as gravuras, a literatura, o cinema, a arquitectura, o paisagismo e até a própria música.
3 comentários:
Foste direitinho ao meu coração, onde Paris tem um lugar muito especial! Dezembro é sempre o meu mês preferido na cidade!
As montras Lafayette, Samaritaine, Printemps! São quase mágicas ! A Place des Vosges! A Rue Mouffetard! A place de l’ Église St. Eustache !
Tantos e lindos recantos, por onde já passei outros tantos e bons momentos!
Na próxima visita, vou passar no Musée du Quai Branly, que não conheço e de que a minha amiga Dominique R, já me tinha falado!
Obrigado!
Paris...
Precisa-se dizer mais alguma coisa?
Não precisa, Suzi, não precisa mesmo. Boa noite!
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