19.12.06

Natal no Mundo (6)

(Natal nos Campos Elísios, Paris, direitos reservados)

Parte um
Na minha viagem virtual pelo Natal não podia deixar de fora Paris. É, assumidamente, uma das minhas paixões. E tanto se me dá se os parisienses fazem ou não cara feia. É a “Cidade-Luz” por excelência e o epíteto traz-lhe responsabilidades acrescidas na hora de bem se iluminar. Aliás, o momento em que a decoração natalícia dos Campos Elísios é revelada ao mundo já se tornou um clássico da época e, todos os anos, é convidada uma personalidade ou celebridade para carregar no botão. Este Natal coube ao cantor Florent Pagny, infelizmente pouco conhecido entre nós, a honra. A tradição manda que a cidade se encha também de mercados de Natal e que até não falte um ringue de patinagem no gelo junto ao Hôtel de Ville, mas as decorações natalícias das vitrinas mais famosas de Paris são um espectáculo à parte. Daí não ter resistido a incluir uma imagem do armazém Printemps, no Boulevard Haussman, devidamente engalano. Não é o meu armazém preferido para compras, mas é uma instituição e está a correr atrás do tempo perdido (ver novidades citadas na parte dois).


(Natal 2006 no Printemps, Paris, direitos reservados)

Parte dois

E porque mencionei os Campos Elísios, não custa nada sugerir uma das suas mais recentes aquisições ― é bom dizê-lo, aos poucos, a famosa avenida começa a atrair, de novo, alternativas que fogem à banalidade dos pronto-a-comer massificados. Inspirado em filmes como “In the Mood for Love” ou “Esposas e Concubinas”, a primeira coisa a chamar à atenção no Mood, assim se chama, é o seu espaço na esquina da Rue Washington com os Campos Elísios. Nada menos que mil metros quadrados divididos por três andares, com diferentes ambientes, pois o Mood faz as vezes de restaurante, bar e lounge. À cabeça do projecto, o jovem Olivier Bertrand, herdeiro de uma sociedade que conta já com a Brasserie Lipp, o salão de chá Angelina e ainda dois novos restaurantes nos armazéns Au Printemps (uma brasserie e um japonês, saibam e vejam mais aqui). Bertrand gostou tanto dos sofás que Didier Gomez desenhou para a Ligne Roset e a Cinna, que não fez por menos: contratou o designer para se encarregar da decoração. E como se tratava da primeira incursão parisiense de Didier, este resolveu apostar num lugar que faz a fusão do Ocidente com o Oriente. Sem cair no óbvio. Para o conseguir utilizou grandes fotografias de gueixas do século XIX, misturou antiguidades vietnamitas com peças de design contemporâneo, ou cadeiras espanholas e escandinavas dos anos 1960, encomendou alcatifa a Tai Ping, desenhou ele mesmo um lustre inspirados nos claustros asiáticos, e converteu em lampiões os austeros candeeiros, encarnados e brancos, dos irmãos Bouroullec. A cozinha ficou a cargo do chef Jacky Ribault, que criou uma paleta de sabores franco-asiáticos e uma carta só de sushi e sashimi. No bar, além de música a cargo de um Dj, e do inevitável saké, a escolha não é fácil perante uma lista com mais de 50 cocktails, sendo os mais originais à base de flores, especiarias e frutos.


(Mood, direitos reservados)

Parte três
E já que continuamos em Paris, não resisto a falar no museu que mais tinta tem feito correr nos últimos meses. Depois de anos de espera, o Musée Quai Branly abriu as suas portas a 23 de Junho de 2006. O museu encontra-se na margem esquerda do Sena, a dois passos da Torre Eiffel, numa área central de 400 metros por 120 entre as avenidas de La Bourdonnais e Rapp, o cais Branly e a rua de l’Université. Para além do espólio impressionante de objectos vindos de todo o mundo, dando assim à arte não ocidental e antes dita “primitiva” o lugar de destaque que há muito era reclamado, o museu tem como nec plus ultra o facto de se esconder parcialmente num jardim que representa, segundo o arquitecto Jean Nouvel, a savana; ao passo que o edifício está assente sobre postes cobertos de matérias exóticas que simbolizam a floresta. E o que pretendeu Nouvel com esta alegoria? Fazer com que o visitante esqueça o seu ‘mundo’ ao entrar ali e penetre, graças a largas extensões de vidro e fontes de luz escondidas, numa espécie de concha, num lugar sagrado. Uma viagem em todos os sentidos.


(Musée Quai Branly, direitos reservados)

Parte quatro

(Walt Disney, direitos reservados)

Para terminar, e porque tem tudo a ver com o espírito da quadra, uma alusão ao mundo do faz-de-conta de Walt Disney. Até 15 de Janeiro de 2007, nas galerias do Grand Palais, está a decorrer uma exposição dedicada àquele que foi o primeiro a dar uma difusão universal à arte do desenho animado. A exposição estabelece uma relação entre os desenhos criados nos estúdios Disney e as obras ou criações da arte ocidental, desde a Idade Média até movimentos como o Surrealismo, que lhes serviram de inspiração e cobrem áreas tão diversas como a pintura, as gravuras, a literatura, o cinema, a arquitectura, o paisagismo e até a própria música.

3 comentários:

Custódia C. disse...

Foste direitinho ao meu coração, onde Paris tem um lugar muito especial! Dezembro é sempre o meu mês preferido na cidade!
As montras Lafayette, Samaritaine, Printemps! São quase mágicas ! A Place des Vosges! A Rue Mouffetard! A place de l’ Église St. Eustache !
Tantos e lindos recantos, por onde já passei outros tantos e bons momentos!
Na próxima visita, vou passar no Musée du Quai Branly, que não conheço e de que a minha amiga Dominique R, já me tinha falado!
Obrigado!

Suzi disse...

Paris...
Precisa-se dizer mais alguma coisa?

Anónimo disse...

Não precisa, Suzi, não precisa mesmo. Boa noite!