4.1.07

Perdições (2)

Não estava à espera, por isso, soube-me ainda melhor. Já nem sequer me lembrava da música, mas, hoje, alguém fez questão que a ouvisse de novo e isso levou-me, sem querer, a embarcar numa longa viagem. Burn it Blue. Assim se chama.

(Caetano Veloso e Lila Dawn, direitos reservados)


Burn it Blue
Burn this house
Burn it blue
Heart running on empty
So lost without you

But the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she’s free to fly…

Woman so weary
Spread your unbroken wings
Fly free as the swallow sings
Come to the fireworks
See the dark lady smile
She burns…

And the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she’s free to fly…

Burn this night
Black and blue
So cold in the morning
So cold without you

And the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she’s free to fly

Y la noche que se incendia,
Y la cama que se eleva,
A volar…

And of the dark days
Painted in dark gray hues
They fade with the dream of you
Wrapped in red velvet
Dancing the night away
I burn…

Midnight blue
Spread those wings
Fly free with the swallows
Fly one with the wind

Y ella es flama que se eleva,
Y es un pájaro a volar
Y es un pájaro a volar
En la noche que se incendia,
El infierno es este cielo
Estrella de oscuridad

And the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she ’s free to fly
Just a spark in the sky
Painting heaven and hell
Much brighter

Burn this house
Burn it blue
Heart running on empty
So lost without you



Esta canção não só me recordou um acaso feliz, o do encontro do brasileiro Caetano Veloso com a mexicana Lila Dawn (não ganharam o Óscar, em 2003, para melhor música, mas a sua actuação não passou despercebida e fez-me descobrir esta artista maravilhosa), como me trouxe à lembrança que Frida pode até não ser um grande filme, mas tem os seus momentos de inspiração. Um deles é, sem dúvida, a banda sonora assinada por Elliot Goldenthal. Escutar Burn It Blue, esta manhã, fez-me ir à procura de mais (ouvir aqui, requer Real Player).




Uma coisa leva a outra. Já se sabe. A música lembrou-me o filme e o filme lembrou-me a cidade. Gosto da Cidade do México. Já vi muito boa gente olhar-me com estranheza por assumir tal apego, mas, para mim, nada tem de estranho. Posso mesmo falar de uma afinidade por antecipação. Antes de pôr ali os pés já sabia que iria gostar. Tenho plena consciência de que é uma cidade caótica, violenta, poluída, paradoxal e tudo o mais que se possa imaginar de menos bom, mas isso não me impede de a ver também, apesar dos seus mais de 20 milhões de habitantes e de viver a dois tempos — entre um passado muito rico e um presente de contornos incertos—, como uma das metrópoles mais interessantes e mais sensuais da América Latina.
Logo, não se surpreendam se a coloco na minha lista de lugares a revisitar, se possível ainda durante 2007. Não, não formulei nenhum pedido a esse respeito, nem sequer tenho por hábito fazer lista de desejos, mas não me importaria que 2007 a colocasse de novo no meu caminho. Uma vez lá, não há nada a enganar. Por mais voltas que dê, é a esta casa azul que sempre irei bater.

8 comentários:

Suzi disse...

Músicas nos levam a viagens incríveis. Voltamos a lugares que já fomos e visitamos lugares desconhecidos. É um poder incrível!

E nas tuas viagens viajamos nós também. Isso é uma delícia!
;o)

Custódia C. disse...

Nunca fui ao México, mas adoraria. Tenho uma paixão pela Frida e alguns dos melhores momentos da minha juventude, passei-os em Paris, com um grupos de amigos Mexicanos, quando todos frequentávamos a Alliance Française em Saint-Germain-en- Laye. Grandes loucuras fizemos naquela Escola. Tudo isso o teu post trouxe à memória :)

marta r disse...

O México e a Casa Azul também estão na minha lista - provavelmente não a de 2007 mas enfim...
A música vou saboreá-la quando chegar a casa. Acho que sei qual é...

Anónimo disse...

CCC:
O México vale bem a pena. Tem tanto para descobrir... Muito mais do que aparece apenas, regra geral, nos filmes ou séries norte-americanos que se limitam às zonas fronteiriças.
Suzi:
É essa a ideia. Que bom!
Marta:
Escuta que vale a viagem.

ELA disse...

Post muito bonito. Que pena não conhecer o México. Quanto à Frida, absolutamente espantosa!

Pedro Soares Lourenço disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Pedro Soares Lourenço disse...

Viva, João. Ainda não tinha tido oportunidade de agradecer a referência. Um abraço e continuação de bons post´s como este

Anónimo disse...

Caro Pedro, Obrigado pela visita. Quanto a este e outros posts, é uma forma de retribuir o que também leio por ai, como foi o caso da viagem à Argentina que acompanhei.