26.10.07

Bom fim-de-semana

(Hundertwasserhaus, Viena, D.R.)

Parece uma casa de bonecas, mas não é. Foi feita para nela viverem pessoas e é uma das atracções de Viena. É para lá que vou já no domingo. Bom fim-de-semana para quem fica. Viagem de trabalho, é certo, mas há formas bem piores de perder um feriado!

25.10.07

Frase do dia

"Espero que quando a inspiração chegar me encontre acordado."

Tropecei nesta frase de Picasso e apropriei-me dela para hoje e sempre. Porque acredito que a inspiração, ao contrário de muitas outras coisas nesta vida, não se procura. Ela é que nos acha.

24.10.07

As viagens que (ainda) não fiz

Livraria Atheneo, Buenos Aires, D.R.

Para quem, como eu, sonha um dia visitar Buenos Aires, uma cidade vibrante e onde as livrarias, às centenas, se mantêm abertas mesmo de madrugada, um bom prelúdio à viagem pode ser esta reportagem de Miguel Carvalho, que saiu na Visão. Se tiverem preguiça de ler, podem ficar-se pelo slideshow com direito a legendas.

23.10.07

Pessoas e lugares (2)

Vista sobre Lisboa do Zuzabed & Breakfast

O que motiva cada vez mais pessoas, com ou sem experiência no ramo, a abrir as portas da sua casa a estranhos? A rentabilização de um investimento? O gosto de ser anfitrião? A ideia de conviver de perto com outras culturas? Talvez um pouco de tudo isto. Seja como for, o certo é que uma nova geração de Bed & Breakfasts está a dar cartas.

Esta foi a pergunta que coloquei num artigo, a publicar em breve numa revista portuguesa. Como resposta encontrei dois endereços, bem perto de nós, que me apeteceu partilhar aqui.

Esqueçam o velho e bom Bed & Breakfast, com colchas floridas, papel nas paredes e alcatifa a cheirar a mofo. Continua a existir, mas não é dele que vou falar, mas sim de uma nova geração, que surge agora desempoeirada e em cidades onde antes era improvável. Como Lisboa, por exemplo. Luís Zuzarte abriu o Zuzabed & Breakfast há menos de um ano, na zona nobre do Chiado, o que assegurou desde logo dois requisitos essenciais para atrair hóspedes à sua casa: é central e possui boas vistas para o Castelo de São Jorge (ao alcance do terraço e das janelas de alguns quartos). O resto fica por conta da simpatia ― que passa por encontrar o peso certo entre colocar o hóspede à vontade e respeitar o seu espaço ― , dos quatro quartos com decoração moderna, personalizada e casas de banho privativas, ou ainda de pequenas atenções como colocar flores frescas nas mesas-de-cabeceira e ter sempre à disposição imprensa internacional.


Zuzabed & Breakfast


Outro exemplo recente que encontrei na nossa capital é o de Mi Casa en Lisboa. Neste caso, trata-se de uma aposta da espanhola Maria Ulecia ― que por isso mesmo privilegia esse mercado, mas não só ―, que se encantou pela cidade e decidiu ficar aqui a viver. A casa que comprou no bairro tipicamente alfacinha da Graça é um achado, a começar pelo terraço florido de onde se vê o Castelo de São Jorge e onde são servidos os pequenos-almoços sempre que o tempo o permite. Para já, Mi Casa tem apenas três quartos de arquitectura clean para hóspedes, mas, graças a um projecto de remodelação que entregou aos arquitectos da firma Ábaton, em breve passarão a ser oito no total. No seu site, Maria avisa que vive com a pequena e simpática cadela Lola.



Zuzabed & Breakfast

Zuzabed & Breakfast
Calçada do Duque, 29, 2º, Lisboa
Tel.: 934 445 500
Quartos duplos desde 60 euros

Mi Casa en Lisboa
Calçada do Monte, 50, Lisboa
Tel.: 918 970 607
Quartos duplos desde 70 euros

18.10.07

Perdições (12)

(Livraria da Vila na Lorena, São Paulo, D.R.)

O meu apego aos livros levou também que, desde cedo, eu me sentisse muito bem em livrarias. Bem sei que uma coisa não implica, necessariamente, a outra, mas assim é comigo. Existem boas livrarias em Portugal, algumas delas muito bonitas e com valor histórico, mas eu acabo sempre por preferir aquelas onde ao gosto da leitura se somam outros prazeres.

Nesse sentido, adoro várias livrarias do Rio de Janeiro ― com especial destaque para a Travessa, no bairro de Ipanema ―, onde, confesso, invejo aquela mistura bem sucedida entre o espírito didáctico e o lado lúdico, o que leva sempre a haver por lá um café muito simpático, ideal seja para uma refeição leve, um lanche ou um simples café entre um livro e outro.
Curiosamente, em São Paulo não havia nenhuma que me enchesse as medidas do mesmo modo. Até que descobri a Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915), um espaço encantador no bairro artístico e boémio da Vila Madalena, onde, lá está, nem sequer falta um café de pátio com direito a batidos naturais que levam o nome de escritores brasileiros. Mas tem uma desvantagem: fica fora de mão. Pelo menos para mim.

Foi por isso com satisfação que soube da inauguração, no primeiro semestre deste ano, de uma sucursal desta livraria nos Jardins ― ainda para mais numa das minhas artérias favoritas, a Alameda Lorena (ao nº 1731), paralela à Oscar Freire! A bem da verdade, chamar “sucursal” à Livraria da Vila na Lorena é quase um insulto. Estive lá o mês passado e, para terem ideia, esta filial ocupa o espaço da antiga loja do estilista Fause Haten, só que com uma enorme diferença: a construção que se vê hoje é do arquitecto Isay Weinfeld, surpreendente, desde logo, pelo facto de as montras se converterem em portas de entrada quando a loja está aberta. Lá dentro são três andares, com estantes por todo o lado – inclusive no vão entre o piso térreo, a cave (só para crianças) e o primeiro andar (CD’s, DVD’s e um café num pátio interior) –, mas o que chamou à minha atenção, para além das linhas do edifício e da boa selecção de obras, foi o facto de haver sofás e poltronas em cantos estratégicos, sempre bem iluminados por candeeiros, a convidar à leitura.
Um espaço onde se perde a noção do tempo e que recomendo vivamente a quem passar por São Paulo.

16.10.07

Pessoas e lugares (1)

Quem viaja em trabalho com uma certa regularidade e o faz, para mais, anos a fio, como é o meu caso, acaba por desenvolver uma “capa” que não nos torna imunes às muitas pessoas que vamos conhecendo de passagem ― até porque isso seria um autêntico desperdício e há lugares que valem, sobretudo, por elas, as pessoas ―, mas que nos ajuda a relativizar as coisas. Afinal, a experiência diz-nos que não voltaremos a encontrar a maioria das pessoas com quem jantámos ou até mesmo, nalguns casos, passámos vários dias agradáveis. Mas existem excepções ― as tais que confirmam sempre a regra.


Valérie Golinvaux, belga, 37, radicada em Marraquexe há mais de nove anos, é uma delas. Conheci a Valérie durante uma reportagem que realizei naquela cidade marroquina em Fevereiro de 2006. Ela era então a directora de marketing de uma casa fabulosa na Palmeraie, o Dar Zemora, onde tive o privilégio de me hospedar. Conversa vai, conversa vem, acabámos por ficar amigos, ela deu-me dicas preciosas para a matéria e fui mesmo, numa dessas noites, à sua festa de aniversário. Já então, e dada a sua experiência considerável em gestão hoteleira e o seu gosto pela decoração de interiores ― o que a levou a contactar, desde cedo, com vários artesões locais e até a ser chamada, certa vez, às pressas para redecorar uma suite onde viria a ficar Brad Pitt, que se encantou dos objectos escolhidos por ela e, no final, comprou tudo e levou para casa! ―, Valérie fez questão de me dar a conhecer a sua futura casa de hóspedes. Situada numa ruela esconsa de terra batida, a dois passos da artéria Riad Zitoun Jdid, no bairro da Kennaria, pressenti logo tratar-se de um achado tendo em conta a localização, a dois passos da praça Jemaa-el-Fna. Mas como estava ainda em obras, tive de me guiar pelas suas palavras para imaginar como ficaria.


A casa, de seu nome Xokomaïtea, viria a ser inaugurada em meados de 2006. Não voltei a Marrequexe desde então, mas não perdi o contacto com a Valérie. Talvez por isso, agora que surgiu a possibilidade de escrever um artigo sobre Bed & Breakfast para uma revista de viagens portuguesa, nem pensei duas vezes em citá-la. A sua casa tem apenas dois quartos pequenos, mas confortáveis e com casas de banho, sendo que os hóspedes têm também acesso ao pátio central ― onde não faltam almofadões entre laranjeiras e buganvílias ―, à sala de estar com lareira e kitchenette para quem quiser cozinhar, e ao terraço superior (com chuveiro ao ar livre e mobiliário para exterior da Knoll). Pedi-lhe para me enviar algumas fotos e pude comprovar, com alegria, que lá estão as portadas, e o varandim de ferro forjado à volta do primeiro piso, pintados de um verde e azul muito vivos como ela me havia descrito quando tudo não passava de um esboço, bem como uma série de pequenos detalhes que são a sua “cara”. A Valérie vive agora para a Xokomaïtea e para a decoração de interiores a tempo inteiro, e recebe ― junto à mascote da casa, Gag, um meigo Labrador de quase três anos ― com simpatia e informalidade quem ali chega à procura de uma alternativa mais modesta, mas familiar e com alguns toques de autor, aos dispendiosos riads tão na moda em Marraquexe, mas onde raramente se consegue ficar por menos de 100 euros por noite.


Um destes dias, tenho a certeza, vou voltar a Marraquexe e ai poderei reencontrar a Valérie e ser recebido como se estivesse em casa de velhos amigos. Talvez por isso, este é o tipo de dica que eu gosto de partilhar e de passar adiante.







Xokomaïtea
Riad Zitoun Jdid, Kennaria tel.: +212 (0)6124 6524 valerie_gogo@hotmail.com
Quartos duplos a 55 euros por noite com pequeno-almoço


15.10.07

Escrito no vento



Enquanto não arranjo tempo para postar aqui um resumo fotográfico do que foi a minha passagem recente por terras bascas, penso em como saudar mais uma semana sem me deixar abater por hoje ser... segunda-feira.

Nada melhor do que me imaginar a viajar no vento. Sem rumo.

E como trilha sonora escolho uma música dos The Fray que foi utilizada - e bem utilizada - para promover a terceira temporada de uma série que vale cada minuto que perco com ela: A Anatomia de Grey. Com vocês, How to save a life.
Boa semana!

1.10.07

À vista

(Guggenheim Bilbao, D.R.)


Nova viagem de trabalho à vista.
Graças a ela vou poder regressar a uma das minhas cidades de eleição em Espanha: Bilbau. Desta vez, porém, espero ter oportunidade de explorar também outros pontos do País Basco. Será igualmente um bom pretexto, espero, para revisitar a arquitectura de Frank O. Gehry. O Guggenheim, em forma de flor metálica, já eu conheço, mas é sempre um acontecimento, sobretudo agora que comemora dez anos de existência. Mas, curioso mesmo eu estou é para espreitar, finalmente, o hotel Marqués de Riscal, que parece ter aterrado na região espanhola de Álava, onde se produz o Rioja.
Para além do traço ondulante de Gehry, por si só uma atracção pelo contraste que forma com as adegas desenhadas em 1958 por Ricardo Bellsola, o Marqués de Riscal possui apenas 43 quartos e suites, divididos em dois edifícios ligados por uma ponte pedonal suspensa. Situado na aldeia medieval de Elciego, a pouco mais de 100 km de Bilbau, em plena vinha dos herdeiros do Marqués de Riscal, o hotel aposta na exclusividade do design e na alta tecnologia (há acesso WIFI à Internet em todas as áreas).
Ainda não será desta que ficarei ali hospedado, mas de um bom almoço não me livro - Francis Paniego ganhou em 2004 a sua primeira estrela Michelin com a sua cozinha de fusão
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(Marqués de Riscal, D.R.)