18.6.07

A musa e o baiano


Confesso: a Luana Piovani já me encheu as medidas, ao ponto de certa vez - não me orgulho disto - ter arranjado maneira de a entrevistar em Nova Iorque a pretexto de uma guia que estava a fazer na altura. Enfim, o tempo passou e com ele foi-se parte do encanto. Continuo a achá-la linda , mas perdi a paciência, pois beleza não é tudo.

Estou habituado a ver Piovani ser notícia pelos piores motivos, mas, ultimamente, ela fez a chacota geral ao ter sido desmentida publicamente por Caetano Veloso, que negou ter sido ela a musa inspiradora de uma das suas músicas. A estória tem rendido rios de tinta e troca de galhardetes, mas Luana nunca deu o braço a torcer e foi mesmo ao cúmulo de, numa entrevista à revista Trip (edição de Maio), lavar a sua honra em praça pública: "Era um Deus e descobri que era um banana de pijama (...) Para mim ele morreu, está sepultado. Não posso acreditar que um cara de 65 anos faça uma galhofa dessa".

Mas eis que, agora, Caetano decide voltar atrás e admite: "Pela primeira vez vou dedicar essa música a Luana. Eu não a desmenti, como disseram. Há dois anos, quando compus a música, disse a ela que foi parcialmente inspirada nela. Mas Luana se precipitou e contou antes de me consultar". Não sei qual dos dois ficou pior no retrato, se a musa, se o cantor...

14.6.07

O que é que a baiana tem?


Vinicius, Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Bethânia, Gilberto Gil, Gal Costa, todos eles já cantaram as belezas da Bahia. E o que tem a Bahia de tão especial? Para começar, uma capital que os portugueses entenderam baptizar de São Salvador da Baía de Todos os Santos, já que foi fundada a 1 de Novembro de 1549. Vem-lhe provavelmente daí a sua tendência natural para o sincretismo religioso e a sua propensão para a miscigenação cultural ― dessa união nasceu uma cultura única e um ponto de confluência no Brasil.

Para os que julgam que sumi, confesso apenas que me deixei levar pela preguiça entre dois feriados e pus-me ao largo. Sim, cheguei a sonhar com férias nesta altura do ano, mas as coisas nem sempre acontecem como queremos. Vai daí, na passada sexta fui surpreendido por um convite de última hora. É trabalho, mas não deixa de ser (também) um gosto. Embarco muito em breve.

6.6.07

Porque amanhã é feriado...

(Beatriz Batarda, direitos reservados)

... venho desejar-vos, mais cedo do que o costume, bom fim-de-semana! Aproveitem bem o dia, pois, parece, o sol vai ser de pouca dura... Como sugestão deixo uma peça que vai estrear amanhã, no São Luíz, e se chama Quando o Inverno chegar. Com texto do agora-cada-vez-mais-na-moda José Luís Peixoto (vou mesmo ter de ler um livro deste rapaz!), esta peça assinala também os primeiros passos como encenador de Marco Martins, que deu anteriormente nas vistas como realizador do filme Alice. No elenco, dois actores da nova geração que já dispensam apresentações: Beatriz Batarda e Nuno Lopes, entre outros. Em cena até dia 30 de Junho. Espero não perder!

5.6.07

Ainda é terça, mas a segunda já foi

Encontro a seguinte citação de Cesare Pavese:
«Viajar é uma brutalidade. Força-nos a confiar em estranhos e a perder de vista todo o conforto familiar do lar e dos amigos. Fica-se em constante desequilíbrio. Nada nos pertence, excepto as coisas essenciais: ar, sono, sonhos, o mar, o céu - tudo coisas que tendem para o eterno ou para o que imaginamos como tal.»
E acrescento:
O encanto de viajar é precisamente esse, o de, por uma fracção de tempo, ficarmos em desequilíbrio e aprendermos a separar o essencial do acessório para (sobre)viver.

4.6.07

Hoje é segunda, mas ontem foi domingo

Domingo de sol. Acordo quase à hora de almoço, como gosto. Tenho a casa por minha conta. Vou para a cozinha. Acendo a televisão. No VH1 está a passar um concerto dos Duran Duran em versão acústica. Parece que foi ontem. Enquanto preparo o ratatouille - que deve ser para ai a coisa mais elaborada que eu consigo fazer frente a um fogão -, dou por mim a trautear: Who do you need / Who do you love / When you come undone.

Despacho-me o mais que a preguiça domingueira permite, mas, ainda assim, chego cinco minutos atrasado ao ponto de encontro. M. aponta para o relógio. A seu ver, sou um caso perdido. E não estou a falar apenas de pontualidade.

A feira está concorrida. Atacamos primeiro os corredores do lado esquerdo, sabendo, de antemão, que os mais interessantes estão do lado direito (isto para quem vem do Marquês). Não vemos nada de muito transcendente, mas conseguimos comprar uma ou duas pechinchas - Ian McEwan ou Salman Rushdie a cinco euros são uma pechincha, bem como O Estorvo de Chico Buarque a quatro. A dada altura, vislumbramos um dos nossos primeiros patrões. Um tipo execrável, que gosta de pousar de bom samaritano para quem não lhe conhece os podres. Está precocemente envelhecido e pançudo. Não disfarçamos o risinho cínico.

Apetece-nos lanchar. Lisboa ao domingo parece um deserto (que o ministro Lino não me ouça!). O Café da Lanidor, que tanto jeito nos dava a meio da avenida, está fechado. Raios os partam. Engano M., que gosta muito pouco de andar a pé, e consigo que vá até ao Chiado. Barafusta, mas vai. A minha ideia é boa, mas, como (quase) sempre, tropeço na minha habitual desorientação. Mesmo na cidade onde nasci. Não consigo dar com a porra do largo onde é suposto ficar o café que quero mostrar a M. Quando o acho, está fechado. Para variar.

Nem tudo está perdido. Meio ao acaso, damos com um outro, também recente por aqueles lados, que se revela simpático. Instalamo-nos numa mesa junto a uma janela, aberta de par em par, virada para a rua. Está-se bem. Como já passa das sete e M. não gosta de chá - ninguém é perfeito! -, pedimos uma tábua de queijos. Ia bem um copo de vinho a acompanhar, mas M. vai conduzir a seguir e eu tenho sede. Bebo antes uma cerveja.

O resto da tarde vai-se por entre os dedos, entre um pedaço de parmesão, um cigarro e muita conversa. Nunca nos falta assunto. Brindo a isso.

Volto para casa sem fome. Na televisão passa um filme que já vi, mas que não me importo nada de rever. Traffic. Deixa-me a pensar na vida, mas não deprimido. Gosto de filmes assim.
Hoje é segunda-feira... mas, sabem que mais, ainda nem dei bem por isso.

1.6.07

Bom fim-de-semana (outra vez)!

(Cena de O Paciente Inglês, direitos reservados)

Até parece que a semana passou a correr, mas não é bem assim... Enfim, a travessia do deserto acabou por durar mais do que o previsto, mas não há razões de queixa. Não faltaram oásis como porto de abrigo. Agora, mais um fim-de-semana à porta. O tempo promete. Aproveitem bem!